Estive lendo bobagens. Várias delas escritas por mim mesma e decidi que sem você pedir, eu vou lhe escrever algo mais sincero. Talvez não se diferencie, mas eu quero lhe escrever algo mais sincero. Sobre tudo, sobre nada, sobre noites ou até sobre chuvas. As chuvas que eu tanto gosto de ouvir, mas sobretudo, sobre você. Você sem necessáriamente precisar de um "eu".
Temo que tenha dito algo sobre gostar de citar poesias mal feitas. Que gosto de criar versos aleatórios sobre ocasiões que nem sempre fazem muito sentido e que de certa forma, isso me faz bem. Me faz bem de tal forma que eu gostaria de escrever pra você algumas palavras sem sentido para que você escorregue nas delícias das letras e se divirta com os pequenos ruídos que fazem quando você as toca. Você, Bárbarinha, que de Bárbara realmente não tem nada. Tem um par de amêndoas, um sorriso confortante, cabelos à Caetano e pequenas mãos que me agarram a pele e me cegam os olhos. Tens três contos comigo e um só sobre qualquer coisa, mas é como se fossem uma parte de suas belas curvas que se tornam parte de um mistério todo que eu gostaria de desvendar aos poucos. Sem pressa, sem medo e com algumas taças de vinho sobre a mesa.
Você, que tem uma voz deliciosa, que diz palavras como se fossem melodias, cria poemas sem precisar de rimas e que naturalmente, me invade a mente nos momentos de insônia, me pedindo para ouvir um pouco mais da bela música que você narra. Com um sotaque à Tom Jobim e uma poesia à Chico Buarque, sem receio do que dirá, as pequenas frases se formam em uma noite qualquer da semana. Tens aí também um carinho que é só teu, um sentimento que é só teu, uma marca que é só tua e algumas palavras só tuas. Um orgulho e meio, que com um copo de uísque, se desfaz em seus pensamentos distantes de tudo o que podemos enxergar e também as flores de um dia que eu ainda não cheguei a ver, mas a calma e a exatidão de momentos que estão cicatrizados em meus pequenos papéis. Os mesmos papéis que você pode usar para me sufocar.
Um cigarro, Bárbara, te ofereço um cigarro e uma noite toda. Ou todas as noites se quiser, quantas poesias quiser proferir, quantas melodias quiser cantarolar e por uma vez, duas noites mal dormidas pensando em coisas banais, tendo devaneios estranhos e quase impossíveis de se impedir. Você, no canto do meu quarto, com o mesmo sorriso transparecendo as suas fraquezas e sentimentos, um par de amêndoas e uma pele transpirando toda a nicotina dos cigarros fumados. Uma fumaça para que eu não te enxergue e os seus mesmos lábios grudados nos meus, como um sinal de que não deveriam se separar. Como dentes que marcam os seus trajetos por todo o caminho daquela carne tão macia e suave, como uma noite inteira coberta por suor, bossa nova e litros de vinho.
Te dou, Bárbara, o meu sentimentalismo poético, meus olhos, minhas mãos e minhas palavras. Meus refúgios e pensamentos secretos, um ar de entendimento e algumas doses de alcool, mas o suficiente para alimentar esse seu sorriso que me devora a alma e talvez o olhar. Aquele que ainda paira sobre o seu e que se atira em nuvens de algodão pelo céu de papel machê.
Tenha as minhas nuvens de algodão, morena, e até as minhas melodias, mas deixe seu sorriso flutuar e me devorar por noites e mais noites. Deixe-me recitar os meus versos e numa noite de inverno seco, com um gole daquele uísque de sempre, teremos eu e você em todas as noites de Julho e Agosto.
Para ela

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