Se a gente quiser tentar, você vai me deixar? Vai desligar as minhas razões e transformar os meus pulsos em impulsos, meus cálculos em atitudes e vai me embolar? Vai me embrulhar em um papel toalha e me sufocar durante horas até que eu finalmente consiga cair das nuvens de algodão? Vou precisar mesmo acordar?
Minha mente está a mil. A todo o instante, pensamentos se encontram em um canto dela e permanecem em silêncio até o momento em que eu tentar despertar, embora seja impossível pois os pequenos fragmentos de palavras perdidas continuam a flutuar pelos meus infinitos devaneios e num só empurrão, todos são jogados para fora como se não fossem nada, nada mais que um bando de lixo. Lixos que insistem em me incomodar e me tirar noites e noites de sono.
Eu queria acreditar que talvez seja a hora de poder parar. Queria acreditar que no dia seguinte, o mundo amanheça um pouco mais devagar e que os dias se passem mais rápidos, enquanto que eu suspirasse entre meio termos algumas das bobagens mais bem feitas que eu já pude escrever e me sentisse mal caso um daqueles relampagos que eu vejo pela janela, insistissem em iluminar o meu quarto escuro, coberto por fumaça intoxicante e um cheiro quase insuportável de alcool por todo o chão acompanhado pelas garrafas quebradas que formam desenhos abstratos em meio a cicatrizes de memórias passadas em minha pele. Quem sou eu e aonde vou?
Poderia dizer que escreveria uma carta de amor e inventar contos bonitinhos para uma madrugada chuvosa. Imaginar coisas bobas e clichês, esquecer do meu gosto de fel e a minha eterna paixão pelos finais trágicos que a vida costuma escrever em meus livros amassados. Seria talvez assim, uma forma de escrever algo melhor, mais feliz, sem toda essa minha melancolia de pseudo escritora, que almeja os sentimentos desprezíveis e que inventa palavras para todos que sentem essas mesmas coisas. Coisas pequenas, coisas banais, coisas inexplicáveis. Coisas de (des)amores. Passados ou futuros.
É tudo uma grande porcaria. É tudo um bocado desprezível e é permanente o simples fato de se tentar entender. De se beber três litros de vinho e se embriagar em noites chuvosas de sábado. De ligar pra alguém e dizer coisas irracionais, estúpidas. De sentir um calor ao estar com uma pessoa especial. De desejar e querer um pouco mais. De sofrer, de sentir lágrimas quentes nos olhos de outros espelhos.
Tanto como eu disse... Eu disse que diria, eu imaginei que soubesse ou até mesmo calculei que isso pudesse acontecer, mas de que adianta sofrer sem nem ao menos se foder?
Blá blá blá

Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest