Archive for novembro 2015

Ma vie en bleu

 Já se faz alguns meses desde que tudo aconteceu.

Na verdade, já se faz um ano. Um ano em que as coisas mudaram de forma como um oceano inteiro que se seca diante de um inverno cheio de neve.
 As coisas perderam o controle, você partiu e eu fiquei. No espelho, sem me olhar, passei mais de um mês. As tatuagens, nas pernas e braços, cicatrizes do que um dia você me fez. Teu toque, no passado da minha pele, em branco e preto, histórias do que um dia eu já tentei. Me esforcei. Falhei. Tentei cantar, e no fim, apenas chorei.
 Disseram que o tempo resolvia qualquer problema. Situação que se prolonga demais, se torna cicatriz. "Cura-se" mas deixa marcas. Vestígios de que um dia já foi uma dor impossível de aguentar. Peito ardendo sem queimar com seus beijos em uma madrugada fria que costumávamos gostar. E gozar. E amar. Amar demais pra ser amado.
 Estar embriagada por palavras nesse tempo todo, me levou e me trouxe novos caminhos. Je ne suis plus la même chose.
 Non. Je ne suis plus la même personne.
 Longos e antigos caminhos se fecharam, outros se abriram. Caminho sem pensar, dessa vez, com um coração leve ao tentar flutuar. Os lábios também não sussurram mais as mesmas palavras.
 Você partiu. Eu senti. Mas não é sempre sobre você. Não é sobre sempre te amar.
 É sobre saber que posso me olhar no espelho. Não me odiar. Me sentir uma borboleta azul, que tem o seu tempo cronometrado até o dia em que sabe-se lá o que vai me levar.
 Que sejam os barcos. De madeira, marinheiro, como eu sempre quis ser. Aventureiro do mundo.
 Le bleu.
 Um pequeno dedo para quem volta a engolir a água salgada, as tempestades que virão, as voltas que podem acontecer... Ou não.
 A paixão pela liberdade que encontrei naquela cidade.
 Agora, admito com voz e um coração no peito em que diz. Simplesmente sussurra.
 Je suis Laura. Je suis Maxxie.
 Enchanté.

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