Archive for março 2015

O amargo do café

 Já me acostumei a te amar.
 A sentir sua falta, a te desejar, a amar o seu cheiro.
 Tudo. Absolutamente tudo em você me faz te querer intensamente.
 Seu corpo, seu calor, seus cabelos, seus olhos tão negros quanto o café frio que está envelhecido ao meu lado.
 Amargo como nunca, como a saudade.
 Que se instalou no meu peito e não parece se curar.
 De uma noite em que você, nos braços de outro, se perde em um amor intenso.
 Sem mim, sem nós.
 Sem Marte, sem Vênus.
 Sem minhas tatuagens, as lágrimas deixadas pela sua partida.
 E a saudade? O que eu faço com ela?
 Cê simplesmente me diz pra por no bolso e viver.
 Sem respirar, apenas sobreviver, não existir.
 Não existir em um mundo onde não haja você aqui.
 Bárbara Alencar Ramalho.

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A saudade de escrever

 Disseram que eu tô procurando a esperança no lugar errado. Que eu tô perdida, devastada, sozinha, sem sanidade alguma pra tomar qualquer tipo de decisão que possa me levar de um lugar pro outro. Disseram que eu tava fugindo do mundo, que eu tava sendo covarde, que eu tava sendo fraca.

 Quando tudo se perdeu, minhas palavras foram dolorosas e passaram a me abandonar também. O clima seco, tornou-se tão gélido que poderia queimar a minha pele com facilidade ao fechar os olhos, imaginando o que tudo poderia ter sido e nunca foi, nunca será. Esperar por um fim que não parece chegar, esperar por alguém que não parece mais voltar, amar intensamente alguém que não quer te amar, mas que te ama.
 O que acontece?
 O mundo engole cada um de seus membros devagar, afogando seu rosto em rios sangrentos de lágrimas de outras pessoas que já se cansaram de chorar, de caminhar. Alguém que se cansou de ser alguém, de ser um em sete bilhões, de se ver preso em uma situação que não parece ter volta.
 As flores partiram e as cicatrizes permaneceram.
 Abertas.
 Inflamadas.
 Sangrando.
 Tudo parece ser mais triste do que era antes, antes dela aparecer, antes dela me deixar, antes dela me amar.
 Antes dela parecer saber tão bem quem eu era, que agora me desconhece, que sente medo.
 Medo de um coração partido que não sabe como voltar a bater, como voltar a respirar.
 O tempo é uma mentira, a esperança é ridícula, as pessoas são estúpidas, tudo pára, tudo muda, tudo se torna um grande inferno pessoal.
 Dizem "C'est la vie", eu digo "C'est uma grande merda", até porque não falo francês.
 Dizem que faz parte de amar e desamar, mas e o que vem antes de amar? E depois de ser desamado? Cicatrizes?
 Não, não.
 As flores morrem, as borboletas perdem suas asas, as maçãs apodrecem, o solo se torna uma grande areia, puxando tudo o que se tem para baixo.
 Até que me sufoquem, estarei aqui. Perdida.
 Sem cair nos braços daquela que sabia me confortar.

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