Archive for maio 2011

Ao criador, com carinho.

Ao meu ser mais inspirador, os meus sinceros parabens pelo grande aniversario de hoje! Afinal, para um talentoso escritor e professor tem que ser, de fato, muito sincero! Parabéns, Paulo Pimentel

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Frustração.

É, talvez a culpa realmente seja minha.
Eu espero demais de você e acabo me frustrando porque ainda acredito naquilo que há por dentro de ti, acredito naquilo que eu vi ha um tempo atrás.
Infelizmente, foi só naquele dia porque até antes disso, você estava me usando.
E que merda, por que acredito tanto que você pode ser tão boa?
Fico cada vez mais frustrada com essa merda toda e o pior de tudo é que eu não desisto.
Sou otária mesmo ou devo te amar demais, porque eu nunca vi isso.
Como quero tanto estar ao seu lado e crer que isso bastaria, pelo menos por agora.
Se não basta, o que mais você quer?
Desculpa, mais a culpa realmente não é sua.
É minha, por esperar demais.

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Angustia.

Tem tanta coisa acontecendo e você não parece nem ver.
Já percebeu que você nunca se importa? Que você nunca percebe?
Pois é, queria eu que você percebesse pelo menos um pouco disso.
E falando nisso, por que você faz isso comigo, hein?

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Pontinhos alinhados.

É tudo tão abstrato. É bem abstrato mesmo.
São dois pontinhos, em preto, numa folha branca, atrás de um gabarito de um teste qualquer.
Eles estão alinhados, com uma certa perfeição e uma certa melancolia de um deles.
Diria que são duas pequenas estrelas num céu branco, num céu vazio aonde não se encontra mais nada e sim dois pontinhos.
Um é a melancolia, outro é a felicidade... Talvez exista um terceiro pontinho, que signifique a neutralidade entre ambos. Eles se ligam e acabam se unindo para formar algo mais abstrato ainda.
São melhores alinhados e dão voltas e mais voltas mas não se movem. Estranho.
São universos paralelos, são estrelas, luas, corações, almas, sentimentos e bobagens.
Podem ser duas coisas distintas, sem significado, se bem que ainda acho que são dois universos.
Interligados por uma linha imaginaria, uma linha invisivel. Interligados apenas pela pureza do que são, do que sentem, do que se diz sobre eles.
Interligados por duas almas, distintas, tão diferentes que acabam se completando.
No caso eu e você.
Na folha branca, no verso de um gabarito qualquer, os dois pontinhos alinhados.
Meu bem, só você não viu.

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Bobagens diarias.

Sabe o que dói mais?
É saber que as coisas mudaram tanto de uns meses pra cá, quando você ainda dizia que me amava e que estava esperando por mim...

...Merda.

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Você diz não saber o que houve de errado.

E o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria.
Ah meu deus, era tudo o que eu queria.
Eu dizia o seu nome.
Não me abandone jamais.

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Desilusão hostil.

As coisas podiam ser diferentes, não? Você podia complicar um pouco menos e me deixar entrar no seu mundinho pra te fazer feliz.
As vezes acho que isso não é o que você quer... Por mais que você me diga aquelas palavras de amar, sinto que não é o que você quer, pois quando me diz certas coisas, isso fica tão perceptivel.
Meu bem, eu te amo, te esperei muito tempo mas acredite, não quero ser o seu brinquedinho e nada do que você não quer. Por favor.
Sei o que sinto e não preciso dizer, nem descrever, você sabe que contigo, vou longe mas sem você, não vou a lugar nenhum sem pensar em como sinto sua falta e isso me torna tão ridiculamente apaixonada, dependente só da tua atenção, que está ausente.
Você está ausente e acho que não vai mais voltar...

...Sinto muito, eu queria acreditar que você iria voltar dessa vez...

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Pequenos pensamentos.

É tudo tão bobo.
Tão ruim, tão idiota, tão tolo...
E me tortura tanto, que me devora dos pés a cabeça, deixando-me completamente cega.
Talvez confusa, o suficiente para tentar fugir e nunca conseguir.
Era importante que eu conseguisse, afinal, o mundo não gira em torno de mim.
É por isso que eu me importo tanto, é por isso que me calo.

- E quem é que vai entender isso?
- Ninguém. Só você. - Aceitei essa condição e é verdade. Quem vai entender isso? Ninguém.
Já me conformei com o quão ridiculo tudo é, como certas situações me fazem agir mais quem disse que me importo? Eu simplesmente estou fazendo o que meus sentimentos dizem para eu fazer. Ouço e deixo a razão de lado, pelo menos por um instante.

- Você é calculista demais! Tem que parar de pensar um pouco e deixar acontecer.
Sério? E não é o que eu estou fazendo? Estou fazendo o que posso, dando-lhe meu ar e tudo o que me resta.
Meu bem, ninguém nunca vai entender esse amor, se nem eu entendo as vezes.
Ele podia ser diferente, podia ser bem melhor, podia ser clichê mas você é diferente e torna-o completamente diferente.
Assim como a sua forma de amar, que é absolutamente estranha e assustadora.
Confesso que me deixa um pouco intrigada mais também um bocado assustada pois tente entender: Não é bem assim que funciona.
É o seu jeito, eu respeito, amo e venero mais por favor, ou você me ama ou você me ilude porque estou cansada do seu meio termo.

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Cafeína e nicotina.

Café.
Café amargo, café doce.
Mais açúcar e menos afeto, por favor.
Café quente, café frio.
Menos conversa e mais prazer, por favor.
Ah, não se esqueça do cigarro.
Da nicotina, dos olhos, dos lábios e do batom.
Talvez do perfume, para não sentir o azedume.
Café negro, café expresso.
Foge afobado, transpirando prazer.
Querendo um vicio, um livro, um cigarro.
Por favor, mais cafeína, mais nicotina e menos blá blá blá.
E volto a realidade, com um pedido a mais.
- Café amargo, quente e com uma dose extra de prazer, por favor.

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Filosofia de vida.

As vezes quando penso em tudo que já vivi ou que gostaria de viver ainda, me sinto tão 'precoce' ou até mesmo 'bem vivida' mais eu sei que estou enganada. Não sou bem vivida. Eu não conheço nada da vida ainda, pequenos detalhes apenas, mais estou iniciando-a agora.
Sou só uma tola, iludida com esse mundo enorme, presa em conceitos sociais e tentando fugir deles o maximo possível, pois eu sinceramente detesto seguir regras e detesto essa convivência social ridicula que chamam de 'harmonica', sendo que as pessoas não dão a minima para quem precisa delas.
Na verdade, na vida, temos que aproveitar tudo ao maximo, todos os minimos detalhes e talvez 'exagerar' em todos os sentidos... Sim, exagerar. Exagerar para nunca se arrepender do que não fez, para poder criar coragem e fazer o que se quer, o que se gosta... A gente precisa se apaixonar, conhecer a delicia de cada um, conhecer o lado ruim, conhecer as diferenças e indiferenças, as dificuldades, as coisas boas e aquelas que são apenas vividas por um instante, sem definição alguma.
Precisamos de um amor, mesmo que ele te faça sofrer, ame-o até o fim pois amar é humano, assim como errar também é e caso um dia acabe, ninguém irá se arrepender do acontecido. Precisamos dos amigos, da natureza, dos olhos do mundo e dos sorrisos quando se faz o que gosta.
Precisamos errar, chorar, gritar, correr, pular, sorrir, dormir, sonhar, realizar, lutar, cair, se machucar, precisamos de tudo! Precisamos andar pelas ruas, naquele sol quente e apenas sorrir, sorrir e pensar que aquilo vai ser unico e que quando acabar, você com certeza sentirá falta, por mais desconfortavel que seja.
Também de lágrimas, de compaixão e de amores. De noites especiais, noites unicas em que você dá seu máximo para agradar quem ama. Dos abraços especiais daqueles que podem ir embora pra sempre e levar consigo, uma parte sua que por fim, sempre importou. Deixar o orgulho de lado, deixar o egoísmo de lado, aprender a compartilhar para a boa convivência e sorrir para qualquer um, seja ele um mendigo na rua, apósto que você receberia um sorriso de volta.
É preciso doar amor também para todos aqueles que precisam, dar carinho, dar esperança, dar tudo aquilo que é importante, que pode até nem fazer sentido... Ninguém sabe mais muitas vezes, uma petala de uma rosa vermelha, deixa qualquer um feliz, sendo de alguém importante, faz brotar um sorriso especial, único e verdadeiro.
Entender que a vida não é só capital, dinheiro, politica, sexo, trabalho e toda essa baboseira que a sociedade impõe, deixando óbvio que 'os mais fortes' vencerão mais afinal, mais fortes em que? Vencer o que? Ter grana, ter mulher, fazer sexo, encher a cara, ter milhares de mansões, viagens a europa... Tem certeza que isso vai te fazer feliz?
Na verdade, eu ia preferir mil vezes uma noite mais simples, aonde eu tivesse que fazer algo especial para impressionar alguém que eu amo, ser eu mesma e dividir com ela todos os prazeres e tristezas, caso ela quisesse ficar ao meu lado, eu iria me dedicar o máximo, com pequenas coisas, inesqueciveis.
Entretanto, de que adianta? As pessoas são tão ignorantes que chega a dar nojo... É quase impossivel encontrar alguém que não se importe mais... Assim como eu.

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Algumas verdades minhas.

Eu, pseudo-poeta, amante da literatura, musicista ,transpirando nicotina, cafeína, melancolia e perda de tempo.
Cansada de drama com paciência extra, calculista até demais.
Orgulho de sobra, talvez um pouco complicada, vulneravel só a uma razão.
Nerd e esquisita. Um pouco timida demais a primeira vista e claro, com péssima reputação.
Recheada com defeitos e futilidades, apesar dos apesares, nada comuns.
Medo de pequenas coisas, desejo incontrolavel por independencia de revolução e preocupada com as causas do mundo inteiro.
Anti-EUA, espirito socialista apesar de viver de forma capitalista e talvez um pouco anarquista e revoltada com a situação politica brasileira e do mundo todo.
Apaixonada pela comida e pela cultura japonesa, incrivel aos meus olhos.
Grande admiradora de Chico Buarque e de outros idolos da MPB e da Bossa Nova.
Boa ouvinte de Jazz e Blues, gosta de ler, escrever e tomar café, sem contar a hora de fumar.
Viciada em horoscopo, é taurina com ascendente em gemeos e lua em aquario.
Não possui ator ou atriz predileta, de certo que não é muito chegada a televisão.
Assiste poucos seriados, viciada em computador e celular, adora um twitter e não dispensa um capuccino.
Tem manias grotescas e age de forma inconveniente de vez em quando, além de ser extremamente desajeitada com certas situações.
Egoísta e desiludida, daquelas que só acredita nas coisas concretas, que se ve, que se prova e que se pode arrancar mais segredos.
Atéia sem mais nem menos, extremamente anormal e com grandes tendencias a ser do contra, principalmente em debates polêmicos.
Teimosa como qualquer taurina tipica! Tanta teimosia que chega a irritar quem está por perto e claro, com uma persistência admiravel, só desistindo daquilo quando realmente ver que nunca vai dar em nada.
Muito preguiçosa de vez em quando, mais nunca dispensa uma boa saída com os amigos quando está de bom humor.
Boa ouvinte para aqueles que precisam, um tanto quanto preocupada com os amigos e por mais que seja estupidamente orgulhosa, sabe dizer 'eu te amo' para aqueles que merecem.
Grande facilidade a desapegos, porém houve uma enorme excessão de uns tempos pra cá, com um unico alguém.
Medrosa de vez em quando, mais a independencia fala mais alto! Admite os erros quando é preciso, protege aqueles que necessitam e adora passar segurança.
Insegura demais, procura segurança e ao mesmo tempo, procura a instabilidade, gerando grandes contradições.
Indecisa como nunca! Dependendo da situação, demora tempos e tempos para se decidir e muitas vezes, acaba em cima do muro.
De origem mineira e paulista, corinthiana e mixtense apesar dos apesares.
A primeira vista: ar de seriedade, a segunda vista: piadas sem graça, só para ver as pessoas queridas sorrirem.
Mais sabe qual é o pior de tudo? Ela não sabe se auto descrever.
Talvez tenha tido sucesso nessa mais, uau, isso foi dificil.

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Aprendiz de melancolia.

Era uma vez, um certo aprendiz de melancolia.
Todo fim de tarde, se perdia pelos bares da cidade.
Acendia seu cigarro, encobria-se de fumaça, inspirando e suspirando-a, se calando.
Escrevia poemas e recitava-os, sozinho, para que apenas a solidão pudesse lhe dar ouvidos. E de fato, lhe dava.
Dizia, cada minima palavra, em forma de melodia, rimava, se inspirava, escrevia, apagava e continuava com aquelas memórias.
Era admiravel seu talento para a solidão. Fazia dela sua melhor amiga, sua melhor amante e deixando de lado os pequenos fragmentos de seu passado. E tragava novamente.
Suas lágrimas já haviam secado ha tempos. Dizia ele que nunca se sentira só, que se vira bem e dava cambalhotas, girando e girando, perdendo o seu tempo.
Voltava a escrever. Com belas palavras, de forma melodiosa, dizia e insistia naquilo que chamava de realidade e por fim, não era.
Não era a toa que gostava do frio. De fumar seu cigarro na janela de casa, espalhando a fumaça pelo vento gelado que soprava de algum lugar, aonde provavelmente gostaria de estar.
E por mais que fosse tão solitário, ele tinha seus caprichos, ele tinha um amor.
Lhe escrevia cartas e mais cartas e as atirava nessa grande dor, implorando pela morte, para apagar tanta tristeza.
Escrevia para o vento, atirava-lhe as palavras e o vento as levava consigo porém, nunca fora capaz de retribuir tal sentimento com tanta intensidade.
Era de se esperar. Era de se apaixonar. Era de se iludir.
Em meados de maio, fugia da total realidade para fumar seu cigarro em um ambiente novo, tal como um bar.
Naquela escuridão do clube da solidão, todos se escondiam atrás daquela magica fumaça, que lhes dava um certo ar de calmaria e não era bem assim que funcionava.
A bebida, muitas vezes, ingerida, ia para o lugar errado e seus poemas, caíam em mãos erradas.
Eram erros atrás de misérias, lágrimas atrás de decepções e o pior de tudo: a lagoa das decepções.
E era ali aonde ele vivia, afogado, afobado, tal que nunca se fechou os olhos.
E quando se fechou, parou de respirar.
Viveu assim, entre fumaças e suspiros, inspirando a solidão.
Parando de respirar, devagar, devagar...
Fundo, frio, falante e frágil.

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Ciúmes.

Digo eu que as melhores idéias aparecem quando se esta ausente, quando se sente ódio ou quando se sente ciumes.

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Fragmentos do passado.

Hoje pensei. Reescrevi, repensei, reavaliei e percebi que queria voltar ao meu passado.
Queria voltar para não causar tanta dor, diria eu que queria voltar para fazer tudo diferente, se fosse possível, tudo melhor.
E não cruzaria aqueles caminhos com os meus, afinal, são desnecessários. Nunca precisaram de mim.
Acho que eu precisei deles, mais eles nunca precisaram de mim. Eu fui inútil naquele tempo todo, esperando algo de alguém e acho que isso nunca me conveceu, mesmo com tanta dor.
Era óbvio que eu queria parar, eu pedia trégua a mim mesma, porém nunca conheci meus limites para saber a hora de parar, de freiar, de dar um basta.
Eu continuei. Eu prosseguia cada vez mais. Ia mais longe e me perdia em tantos mares e meio fios daquelas ruas desertas em madrugadas solitárias, gritando por socorro e esperando o perdão.
E nada.
E continuava a gritar, mais quem disse que alguém iria aparecer? Eu tive que aprender a lidar com isso sozinha e no final, eu consegui. Eu abandonei tudo aqui que não era conveniente aqueles que me faziam tão bem e em resultado disso, tive que abandona-los primeiro. Deixando-os sem vestigio de mim, seguindo seus caminhos como devem e vivendo seu futuro, de uma maneira melhor.
No entanto, eu continuava calada, com tantos segredos que nunca poderiam ser desvendados. Nem pelo mais intimo meu e nem pelos meus próprios desejos de voltar atrás, pois uma pequena parcela sente falta daquela época que fez tanto sentido e que agora... São vagas lembranças, presas nas memórias. Coisinhas pequenas que levarei pro resto de minhas vidas. De certo, me amargurando nelas.
Aquelas vozes, aqueles olhos, aqueles sorrisos, aquelas palavras e tantas coisas que já fizeram parte desse meu ritual de viver cada dia sem trégua do destino, que parecia fazer tanto sentido para mim.
Nostalgia desgraçada, sem sentido algum! Memórias de dias felizes em que mascaras enganavam aqueles que eu tanto me importei. E que ainda me importo. Seria impossivel não me importar.
Foi parte da minha vida e sempre será parte do meu destino. Fui traçando-o assim e escolhi meus próprios caminhos, por mais que me levassem a lugares errados as vezes, era perceptivel que eu iria errar, cedo ou tarde.
Se eu pudesse voltar no tempo só para reviver mais um dia ao lado daqueles que tive que deixar, eu voltaria. Um diazinho só, algumas horas. Me trariam sorrisos inesqueciveis, risadas, assuntos bobos, sonhos imaturos, contos de fadas e ainda por cima, amizade verdadeira.
Talvez fosse, se a coragem fosse grande, talvez tudo poderia fazer sentido se eu pudesse voltar no meu passado.
Talvez eu reencontraria vocês de novo e por fim, lhes diria o quanto eu sinto falta.
Bobo, tolo, estupido... Como eu sinto falta.
E o pior é pensar que não existe nenhum fragmento deles por aqui... É só a saudade.

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Um apólogo.

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:


— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?


— Deixe-me, senhora.


— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.


— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.


— Mas você é orgulhosa.


— Decerto que sou.


— Mas por quê?


— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?


— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?


— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...


— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...


— Também os batedores vão adiante do imperador.


— Você é imperador?


— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...


Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:


— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...


A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.


Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:


— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.


Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:


— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.


Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:


— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!



(Machado de Assis)

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Então, não perca seu tempo comigo. Eu não sou um corpo que você achou na noite. Eu não sou uma boca que precisa ser beijada por outra qualquer. Eu não preciso do seu dinheiro. Muito menos do seu carro. Mas, talvez, eu precise dos seus braços fortes. Das suas mãos quentes. Do seu colo pra eu me deitar. Do seu conselho quando meu lado menina não souber o que fazer do meu futuro. Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.

(Caio Fernando Abreu)

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Distancia, saudades etc.

Estranho é sentir tanta falta assim.
Sei lá, talvez das bobagens que costumavamos falar.
Da sua presença aqui, de poder ter o minimo de você.
O minimo dos teus olhos, da tua atenção, da tua voz.
Da tua escrita, do teu abraço, do teu sorriso.
Como pode ser um sentimento tão doloroso?
Que falta eu sinto, que imensa falta!
Ah, eu te quero tanto ao meu alcance...

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Passado e presente.

Será que eu era melhor mesmo quando te fazia rir?
Ou talvez agora, eu seja melhor do que antes quando partir?

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Minoria romantica.

Mais incompreendida, impossivel.
Eu realmente vejo que as pessoas não sabem o que é amar alguém de verdade.
Sei lá, sei lá, sei lá.
Tô fazendo parte daquela minoria romantica.
Daquela minoria que as vezes tira o pé do chão.
Sonha acordado com um tanto quanto.
Daqueles que pensam demais, pensam demais em desistir.
O tipo que te escreve poemas e cartas, canções de amar.
E em uma lira ou outra, um sentimento tão lindo.
Incompreendido, que não precisa de conselhos.
Afinal, quem precisa entende-lo?
Só eu o entendo, só ele me entende.
Tanto que até me assusta.
Que tanto orgulho eu sentia de ser livre.
E agora tanto medo sinto de ficar longe.
Sei lá do que, do mundo, do universo.
De outro corpo, com outra alma.
Aquele mesmo, sim, aquele mesmo.
Aquele mesmo que está apenas em você.
E você é aquela que faz parte dos meus sonhos.
Aquela moça que me vendeu saudades.
Saudades de algo que eu poderia ter a minha volta.
Saudades de um beijo, de promessas, de palavras e de calor.
Aquele calor em especial, teu beijo em especial, talvez.
Talvez de toda aquela incompreensão compreendida durante uma noite inteira.
Parecia ser amor, era pra ser amor.
Foi amor.

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Inferno particular.

Dei tantas voltas e caí no mesmo lugar de antes.
Respirando o mesmo ar de tristeza e confusão.
Aonde só encontro resticulos daquilo que chamam de amor.
Aonde nada mais existe, a não ser eu.
Minha melancolia e meus dias.
Me refugio em tantas mentiras.
Ilusões, bebidas, amores antigos.
Por uma dor terrível e nada do que digam pode me tirar daqui.
Sei lá, sei lá, sabe lá.
Vou me afogar de novo.
E quem sabe por lá, eu me encontre.
Em algum lugar, diferente.
Que talvez esteja milhas e milhas distantes.
E então, palavras distintas.
E eu, por fim, calada.
No mundo dos que não existem mais.
Afogada em lembranças tuas.
Que nunca mais vão voltar.
Saudades de algo que nunca foi meu.
Saudades dos olhos que nunca me notaram.
Saudades daquele abraço único, que cabia perfeitamente.
E dos teus olhos, das tuas mãos.
De tudo que você tem.
Que jamais me pertencerá.
Você, você, você e você.

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Quem te espera.

Quem sou eu, afinal?
Quem sou eu para ti?
Sou o inútil em seus cabelos?
O desnecessário aos seus olhos?
O que não te importa?
O que não te queres, que te preserves?
O que te espera?
Sou quem sopra teus ares.
Quem te espera quando cai a chuva.
Quem te adora quando o mundo te desgosta.
Quem te ama quando anoitece.
Quem quer te proteger durante o dia.
Quem sofre, quem cala e quem espera.
Um amor que nunca vai ser meu.

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Bem vinda ao meu mundo.

- Já lhe disseram o quanto és linda? O quanto és especial? O quanto és incrivelmente perfeita quando sorri?
Já lhe disseram que teu abraço é um porto seguro? E que és como um enigma indecifravel?
Bem, se nunca lhe disseram, te digo.
Te digo o que enxergo quando te vejo.
Estrelas, muitas estrelas... Vejo um céu azul, claro, iluminado, pacífico e tranquilo com milhares de nuvens, abstratas, acompanhando lentamente o movimento dos teus lábios, que se abre e se fecha, depois se cala e me olha com aqueles olhos... E me suga, me envolve, me prende e me afoga num mar escuro, sem palavras, sem sons e sem fim.
Depois, envolve-me com teu aroma de sabe tudo, com aqueles cabelos incrivelmente cheirosos, finos e lindos, como se fossem a primavera, o brilho de cada flor daquela estação incrivel.
Mais tarde, quando nos deitamos, me olha nos olhos e nada diz, me tortura com teu silêncio absurdo, como se não houvessem palavras.
E teus olhos me dizem, meus olhos te dizem.
Lhe dando boas vindas ao meu mundo, ou devo dizer, meu mundo de dor.
Mais é exatamente assim, quando você está nele, meu mundo se enche de amor.
Talvez o medo e o amor andem juntos, como a vida foge da morte.
E meus olhos fogem dos teus, com medo de lhe deixar explicito.
O fato de que te amo, de olhos fechados, braços abertos e com mundos opostos.
Opostos e paralelos.
Que se complementam, assim como o dia completa a noite.
Assim como você e eu.

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Realidade azul.

Queria adormecer debaixo d'agua.
E acordar, observando aquela imensidão sem fim, rodeada de novos vizinhos.
Uma imensidão tão azul quanto o céu, uma imensidão tão mais calma.
Aonde seria possivel voar, voar entre milhares de peixes.
Se envolvendo em um ambiente tão colorido e pacífico.
Mais aí vem a chuva então.
Tudo se agita.
Todos eles fogem e ninguem está por perto.
Ondas e ondas, cada vez maiores, invadindo horizontes.
E ilhas. E praias. E areias. E inocência. E rancor.
E a tristeza paira, entre aquelas almas inocentes.
Que se perdem dos seus amores.
Que talvez nunca mais se encontrem.
Que talvez não seja tão mais calmo assim.
Como o que eu vivo, o caos do planeta terra.
Cada dia, me afastando mais e mais.
Mais queria acordar debaixo d'agua.

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Poeira de Vênus.

Ela poderia se expressar da forma mais clichê existente.
Mas isso não lhe convém, ela retruca e quer dizer.
Talvez porque quando olhou aqueles olhos, se sentiu como o vento.
Que passa, ultrapassa e sopra poderoso dentre os cabelos dela.
E não era o suficiente, mesmo quando lhe abraçava.
Parecia abraçar o travesseiro, durante um pesadelo numa fria madrugada.
Queria mais, queria tudo e mais um pouco.
E não se cansava, não se cansava.
Sonhava em ir a Saturno, mais quando tocava-lhe os lábios, ela ia além.
Talvez estivesse em Saturno, viajando no mais belo céu estrelado como quem não quer nada.
Sentia-se como todos a descreviam, como se fosse Vênus, o planeta do amor.
E gostava. E amava. E amargurava. E sentia. E se apaixonava.
Queria mais, talvez mais um abraço daqueles.
Mais se deparou com aquele corpo.
Quente, preciso, como o mais lindo! Era mais perfeito que Saturno, era tão poderoso que a envolvia e a calava, num suspiro profundo, de corpos quentes e inseparaveis.
E percebeu o quanto era bom amar, percebeu aonde queria estar, percebeu aonde pertencia.
Talvez naqueles braços-e-abraços e melodias suaves que suspiravam.
Uma noite de verão em Vênus.
Ao lado dela, como quem não quer nada.
Como quem quer tudo, como quem tem sede do mundo.
E se cala ao entrelaçar aqueles dedos nos dela.
E não se soltam, não tão cedo, não até o dia amanhecer.
Só se sente os cheiros misturados que o vento leva a qualquer um que esteja por ali.
Poeira de Vênus entre eu e ela.

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O vento e o deserto.

- Gosto do frio. - Ela disse.
- Gosto do calor. - Retrucou.
- Gosto do mar. - Prosseguiu.
- Gosto da lagoa. - Retrucou.
- Gosto da noite. - Se justificou.
- Gosto do dia. - Retrucou.
- Gosto de sonhos. - Argumentou.
- Gosto de pesadelos. - Retrucou.
- Gosto da insegurança. - Sussurrou.
- Gosto da segurança. - Retrucou.
- Gosta de tudo o que eu não gosto. - Respondeu.
- Gosto de você. - Retrucou.

E por fim, o vento daquela madrugada gelada calou ambas, na verdade, não se calaram.
Opostos nunca se calam, eles apenas se completam.

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