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Sobre o nosso amor

Os lençóis da cama estão espalhados, seu corpo é um espelho, negro, coberto de calor, suor e agitação, refletindo os meus pensamentos mais obscenos em pequenas cenas de ação, pequenos, lentos movimentos, que cobrem a sua pele com todo o sal expelido pelo seu corpo. Todo sal que está em minha língua.
Esse sal soa como açúcar, fica melhor com limão. É um sal que purifica os meus sentidos, principalmente quando meus lábios beijam os seus outros lábios, com a minha língua devorando essa tua segunda boca, tão receptiva, tão quente, tão molhada quanto os cabelos que estão cobrindo a sua testa. Como teus olhos, que fechados, forçados, cerrados, acompanham o movimento de seus lábios não tão sensíveis, proferindo uma canção quase que perfeita para mim, obviamente porque é a minha favorita, mas você a canta melhor. Melhor do que poderia ser.
Suas pernas me abrem espaço, fazem contornos em volta de minha pele, como um desenho único, uma tatuagem somente produzida por você e por suas unhas. Elas me sufocam nesse beijo secundário, me arrastam pelo mundo, me envolvem e me sugam. Seu corpo pula em ecstasy, se contraindo e me mordendo pra dentro de ti. Me torno, agora, talvez a sensação mais incrível do universo, me torno mera ilustração tua, uma ilusão nítida de seu prazer tão intenso, mas não tão intenso quanto toda essa água, tão sua, que insiste em me fazer beber, como quem tem sede de devorar você.
Teus seios, belos, de auréolas proporcionais, bicos um pouco inclinados, sensíveis a todo o calor que lhes envolve, me presenteiam toda tua alma, unida em minhas emoções não tão perceptíveis. Sua vontade é meu desejo, e seu desejo é a minha vontade, até quando tuas costas formam arcos arquitetônicos que fazem com que eu questione a beleza da arquitetura mediterrânea. Nada é mais belo que esse corpo, nada é mais belo que teu orgasmo.
Tuas costas, nuas, morenas como a noite, delicadas como a sombra, agora são objeto de desejo de meus lábios, sedentos por mais. Todos os meus sentidos são dedicados a cada centímetro de sal que eu puder retirar, enquanto meus dedos são entretidos em uma dinâmica com teus seios tão duros, tão cobertos por toda esse suor, saliva que nos rodeia. Tão generosos ao se arrepiarem quando os aperto, sinto, solto, belisco. Sinto vontade de te foder. Sinto vontade de te comer.
Teus cabelos, entre meus dedos, fazem com que teus sentidos fiquem mais perdidos. Puxo-os, sinto a vontade de te ordenar, de te escravizar, de te tornar minha, somente minha, de mais ninguém. Sinto vontade de proporcionar maior prazer, vontade de te comer melhor do que os outros, sinto vontade de te fazer gritar meu nome. Devoro teu pescoço com meus dentes, afiados, deixando-lhe marcas pelo corpo, marcas que lhe lembrariam dessa noite, marcas de um desejo infinito que cresce todas as vezes em que sinto essa essência em meus lábios.
No entanto, enquanto lhe devoro, meus dedos trilham caminhos certeiros até onde eu sei que posso tocar, apenas para ouvir os barulhos mais obscenos que você pode fazer. Ouço aquele barulho com atenção, ouço você implorar, pedir, ouço você se render, mentir que é minha. Ouço você me enganar apenas para que eu foda você. Ouço você dizer que é minha, apenas para eu lhe proporcionar prazer.
São dois. Dois entram, dois saem. Começam devagar, com sua bocetinha receptiva, sugando-os com tanta intensidade enquanto tenta rebolar em cima deles. Sinto meu corpo se inflamar, sinto suas mãos pegarem fogo ao tocarem o seu lindo clitóris, que já havia sido companheiro para minha língua tão faminta. Sinto seu corpo implorar, sinto seus movimentos, vontades, desejos, sinto meus dedos dentro, envolvidos naquele calor intenso, naqueles movimentos tão prazerosos, fazendo você gritar, fazendo você implorar pra eu te foder cada vez mais. Sinto sua bocetinha latejar, seu clitóris me querer, sinto você se arrepiar, gritar, descabelar. Vejo você levantar a sua bunda, me pedir para bater, bato-lhe com vontade, quero suas mentiras, quero que seja minha, quero lhe comer, quero lhe foder, continuo metendo os dedos dentro dessa linda bocetinha, que me agrada tanto.
Enquanto continuamos com a brincadeira, nossos lábios se encontram, você diz pra eu te comer, diz que sua bocetinha é tão minha quanto seria de outra pessoa, diz que me pertence, que é minha, que todo esse prazer só pode ser dirigido ao que eu lhe causo quando faço essa mágica que soa tão simples. Mágica que seria mais simples ainda caso eu pudesse lhe foder durante toda uma noite, sem parar, causando uma loucura intensa, imensa, deixando tua boca seca, teus olhos cerrados, teu corpo cansado e dolorido. Foderia tudo. Fodo você.
Quando goza, é sempre a mesma história. Se não diz que me ama, se deita e continua da mesma forma. A minha vontade é continuar te fodendo, continuar te proporcionando tanta vontade, tanto prazer, continuar te possuindo da forma mais intensa possível, continuar sendo seu objeto de desejo indiscutível.
Eu sou egoísta, quero foder você só pra mim, quero pra mim tudo o que tens. Quero você inteiramente pra mim, me desejando intensamente como me deseja quando transamos.
Mas é uma pena ter que vê-la adormecer, e talvez não me desejar mais da mesma forma.

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