Cúmplices de um crime perfeito.

Sussurrava em meio a suspiros. A noite estava congelante e me faltava coragem. As luzes estavam apagadas, aquela neve caía e não ouvia-se nada, nem os carros que de costume, sempre passam por ali, mesmo sendo tarde da noite. Um suspiro seguido de dor, pensava eu, acompanhada pelo alcool alí presente e aquela música tão suave para meus ouvidos... Algo não muito agitado, que combinasse perfeitamente com aquele sentimento terrível de saudade. Sério, saudade. Eu sentia falta. Uma carta, abandonada, em cima da mesa presa apenas por uma caneta preta, simbolizava uma grande parte de meus pensamentos alí escritos, aquela saudade descrita e assinada, colaboravam para o meu assassinato, para minha tortura pessoal que não tinha mais cura. Nenhuma. Só ela. Meus olhos, avermelhados e um pouco cansados observavam pelo vidro da sala, aquela noite escura e solitária. Não conseguia nem ver a lua e logo me sentia mais sozinha. Só sentia o frio intenso daquele vidro tentar invadir a minha pele, que não estava muito quente, mas não deixava-se invadir. Minhas mãos, geladas, não tocavam mais nada há tempos. Nem meu violão. Estava mudo, estava sem cor, estava cansado e pedia arrego. As únicas coisas que elas tocavam eram meus bolsos, profundos e solitários que nem quentes estavam. Justamente como eu, procuravam refúgio. Suspiros e mais suspiros pois todas as lágrimas já tinham secado. Era melhor assim mas acho que no final do dia, da noite, eu era melhor estando com ela. Bem, eramos melhores estando juntas e eu era bem melhor quando fazia brotar daquele rosto divino aquele sorriso incrivel, que eu tanto gostava de observar. No frio do insignificante dia, mais um daqueles em que eu só respiro e não faço mais nada. Nada. Nada além de nada.

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