Sonho de inverno.

 Era inverno, nevava muito e eu observava a cidade iluminada pelo vidro transparente da sala. Os carros corriam e procuravam alguma direção e eu continuava perdida, com uma taça de vinho na mão, observando de longe a torre eiffel. Deveria ser por volta da meia noite, sei lá, estava um pouco tarde mas os flocos de neve caindo me encantavam cada vez mais, enquanto dava longas goladas naquela taça, não tirava meus olhos sedentos daquelas luzes tão maravilhosas, daquele lugar tão encantador.
 - O que está fazendo aí ainda? Vamos sair! - Ela me acordou para a vida, deu seu sorriso mais maravilhoso enquanto me observava de longe, sorri e não pude deixar de reparar o quanto era linda, o quanto ela se ajeitava para todas as vezes que nos viamos. Era maravilhosa, encantadora e eu não tinha duvidas de que era ela, de que era só ela.
 - Estou indo, estava apenas observando... Bem, os carros.
 - Ai, poderia se esquecer deles por um instante e sair comigo, não?
 - Sim, claro! - Peguei meu casaco e abandonei a taça em cima da mesinha de vidro ao lado do sofá, dei um sorriso para ela e logo me vesti, fomos de mãos dadas andando pela cidade-luz sem rumo algum e não, não estavamos preocupadas em nos perder.
 Andamos por um bom tempo e ela continuava com aquele sorriso meigo no rosto, observei aquilo praticamente o caminho inteiro e talvez agora eu tivesse certeza de que devia dizer a ela o que estava realmente sentindo, o que precisava mesmo ser dito.
 - Tem mais um lugar aonde eu queria passar antes da gente ir...
 - Que lugar? - Ela me olhou, curiosa.
 - Vem comigo. - Fui guiando-a até lá e quando nos aproximamos, sentamos em um banco qualquer que estava de frente para a torre eiffel, dei um sorriso.
 - Gosto desse lugar.
 - É, é maravilhoso! Mas por que me trouxe aqui?
 - Tem algo que preciso te dizer. - Olhei para ela com uma expressão séria e aquele sorriso no rosto dela, sumiu em instantes, ela me olhava aflita e parecia não encontrar palavras. Levantei-me e logo fiquei a frente dela, ela continuava sentada, me observando com atenção, pedi sua mão e logo fomos andando em direção a torre, ela continuava calada e eu também e assim que chegamos, quebrei o silêncio.
 - Posso dizer?
 - Estava esperando que me dissesse já faz um tempo... - Olhei para ela que agora parecia mais aflita, ajoelhei-me enquanto ela me observava e logo tirei uma caixinha do bolso.
 - Talvez agora tudo o que a gente passou mude e eu sei que é o momento certo de te dizer que quero me casar contigo, se você também quiser. Você é a minha Victoria e eu tenho me sentido a melhor pessoa do mundo quando estou ao seu lado, eu tenho vontade de crescer sempre mais e lutar cada dia mais pelo que quero, pelo que amo, não tenho medo de perder e nem vontade de desistir, porque eu sei que se meu dia for ruim, eu vou voltar pra casa e vou te ver sentada na poltrona, sorrindo e vindo me abraçar em seguida, sem me perguntar nada, apenas vai tirar toda a dor que eu sinto e tudo vai ficar bem, eu não falo francês portanto... Scusa ma ti voglio sposare. - Ela abriu o maior sorriso do mundo e coube a mim tentar saber o que ela diria... Talvez aquela noite fosse a mais perfeita, talvez fosse a pior de todas mas não, ela disse tudo o que eu precisava ouvir.
 - É claro que sim, meu amor. - E sorrimos. A noite acabou assim, única, perfeita, sem nenhuma duvida e com uma vida inteira pela frente. Minha Victoria, era só você e eu.

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