Era noite. Talvez fosse Novembro, não me lembro muito bem, mas estava chovendo bastante naquele mês. Eram por volta das 19 hrs da noite e eu andava de carro sem rumo por aí, passando pelas largas avenidas que me levariam a qualquer lugar, até eu me lembrar que era exatamente a mesma avenida que me levaria até você, até sua casa e então, resolvi arriscar, vou andar em direção a ela.
Me aproximei e parei do outro lado da rua, você morava no oitavo andar, sua janela estava aberta e a luz estava acesa. Não tive coragem, apenas me sentei na calçada, tirei o maço de cigarro do bolso e acendi um deles. Fiquei observando a janela do seu quarto, a luz acesa, os movimentos, as sombras e tudo que parecia estar acontecendo e não, não havia nenhum sinal de ti alí, eu procurava mas não a via, nada acontecia.
O transito continuava agitado e por mais algumas horas, continuei alí, sem me mover, fumando meu cigarro e aspirando todo aquele dióxido de carbono eliminado pelos carros, me matando cada vez mais juntamente ao cigarro. De repente, tão de repente, você apareceu na janela. Parecia triste, parecia encomodada, parecia muito infeliz. Você olhava sem direção, acendia um cigarro e fumava com uma delicadeza semi igual, tragando e soltando como se fosse sua ultima esperança, segurava o cigarro com firmeza e me aflingia a cada movimento. Agora meus olhos eram fixos apenas em ti, naquela imagem na janela do oitavo andar.
Então, como um susto, você entrou, largou o cigarro e entrou, rapidamente e eu nem pude ver mais nada, apenas a luz do seu quarto se apagando. Droga, com quem será que você estava? Estaria transando com outro qualquer? Estaria assim me esquecendo? Estaria mesmo sofrendo por um outro otário que não merecia nada? Vi lágrimas em teus olhos e nada posso fazer, a não ser te observar.
O tempo foi passando e logo a vi, saindo pela portaria, apressei meu olhar e me escondi, ela observava, parecia nervosa, parecia procurar qualquer coisa, depois então, sumiu novamente e uns minutos após sua volta, a luz do seu quarto se acendeu novamente e eu parei para observa-la novamente, desta vez, você ficou na janela sem nem me notar, fumou tantos cigarros seguidos que parecia estar pior que eu, você se abraçava, se envolvia e eu sofria, querendo e pedindo para ter você em meus braços por mais uma noite.
A madrugada se aproximou e você continuava com a luz acesa, desta vez, fazendo outras coisas, então resolvi tomar uma atitude. Me levantei, joguei fora todo aquele lixo que estava comigo, peguei a chave do carro e segui em frente, não fiquei esperando mais um dia por você debaixo da sua janela. Eu fui embora pra sempre na sua avenida, na sua janela.
Sentado sob sua janela.

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