Uma tarde de quarta-feira.

 Estava andando sem rumo pelo shopping, já que não havia muito o que se fazer, mas como de costume, estava com um livro nas mãos e o mp3 para me fazer ignorar os barulhos que tanto me encomodavam. As risadas, os sorrisos, as conversas, os términos, as tristezas, os negócios, o dinheiro e tudo parecia bem. Eu estava sozinha, mas não dei muita importancia para tal fato. Andando, andando, andando e logo encontrei uma cafeteria. Resolvi que iria tomar um capuccino, afinal, era quarta-feira, me faria um bem desgraçado tomar esse café e ler um pouco.
 Fiz o pedido e logo me sentei, não demorou muito para que a atendente me entregasse o capuccino, agradeci-lhe com um sorriso e tomei-o em minhas mãos. Estava quente, doce e não precisava de mais nada. Perfeito. Abri o livro e logo comecei a me perder nas palavras escritas e sacramentadas por Paulo Pimentel, principalmente em um de seus contos aonde contava sua passagem por São Paulo, na avenida Paulista e em algumas partes, até na Augusta, mas fora fantastico, mergulhei profundamente na minha própria imaginação tendo aquela imagem daquela avenida tão movimentada, talvez a mais famosa do Brasil inteiro. Coração do país.
 Quando menos percebi, já tinha desprendido a minha atenção e passei a observar as pessoas a minha volta. Na mesa ao lado, dois homens. Um bem mais velho, talvez com uns 40 anos enquanto o outro tinha lá os seus 30, novinho, cheio das papeladas e os dois pareciam discutir negócios importantes. Não pareciam ser reis mas estavam no caminho certo para o sucesso.
 A duas mesas a frente, uma moça sentada sozinha com o notebook aberto. Lia alguma coisa, talvez estivesse no facebook, eu não sei ao certo, mas não fazia nada de construtivo. Parecia solitária enquanto bebia uma garrafa de agua, compartilhando solidão nas redes sociais, o que chega a ser um tanto deprimente.
 Logo, na minha diagonal direita, um casal. Ele contava piadas, ela ria. Pareciam estar matando tempo ou talvez fossem amantes também, não sei ao certo. Sei que ela ria e se divertia com as coisas que ele falava e ele a cortejava de tal modo que sabia que aqueles olhos escuros que ela tinha, eram só dele.
 Não mais que de repente, um homem de uns 50 e poucos anos, se senta na mesa a minha frente. Parecia ser um empresário, estressado com o trabalho, parecia estar cansado, preocupado e não desgruadava do celular. Bebeu um café e permaneceu com os olhos perdidos em algum canto, sabe-se lá o que se passava em sua cabeça, mas eu bem que gostaria de saber o que se escondia por trás de cada mascara daquele lugar.
 Tomei meu capuccino, fechei o livro e me levantei e em um movimento quase imperceptivel, me perdi no meio das outras pessoas que possuíam sonhos tão puros ou tão impróprios que nem me dei conta da situação em que estava. Resolvi que deveria sair dalí.
 Sentei-me na escada, fora do shopping e observei as pessoas passando na rua. Alguns me olhavam torto, alguns simplesmente ignoravam a minha existencia, outros corriam ao encontro de alguma coisa, talvez de um emprego, talvez da sua amada, talvez de qualquer coisa que lhe fizesse sentido na vida.
 Eu? Eu não tinha pressa de nada e não tinha para onde ir. Apenas me sentei ali e esperei a noite chegar, como quem espera uma eternidade... Sabe-se lá pelo que, mas eu esperava. Só esperava.

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