Clichê.

 Eu não tinha nada, porque não gostava de ter, porque detestava perder, porque qualquer oportunidade me parecia um inferno. Eu fugia. De tudo e de todos. Também porque gosto de ficar sozinha e prefiro não ser encomodada enquanto trago o meu marlboro red. Era o meu favorito em ocasiões que eu julgava serem 'especiais', até porque não sabia muito bem o sentido disso tudo que eu andava vendo de uns dias pra cá.
 De uns meses pra cá, algumas coisas foram mudando. Não vou dizer que é certo e nem que é reciproco porque a minha lógica sempre será a mesma, mas algo foi mudando. Eu aprendi a escrever com palavras felizes e talvez tenha até aprendido a ver o mundo de uma forma totalmente contraria a que eu via antes, pois dizem por aí que ninguém quer ficar sozinho, mas no meu caso, eu quero. Tenho algo de errado? Não, nada. Só prefiro assim.
 Entretanto, um sorriso combinado com um par de olhos quentes, passaram a me causar sensações estranhas. Algo que há muito tempo eu nem sabia que poderia sentir, algo que há muito tempo eu havia trocado pelas decisões certas de ficar bebendo num quarto escuro, batendo as pontas do dedo na madeira da escrivaninha de forma ritmada, com os olhos fixos em meus movimentos lentos enquanto pink floyd soava de fundo a minha estranha forma de viver.
 Tudo parecia tão estranho. O gosto do alcool já havia saído de meus lábios e toda a fumaça de cigarro já havia sido levada, não sei pra onde e não sei por onde, mas já havia desaparecido diante de meus olhos impressionados. Eu continuava sozinha, continuava infeliz, mas o sorriso dela... Por um dia todo ou por uma noite toda, faz com que eu me esqueça de tudo e continue vivendo, feliz, por cada minuto ao lado dela.

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