Se fosse pra fazer sentido...

- Mais alto! Não consigo ouvir.
 ...
 - Por favor, mais alto!
...
 - Não consigo ouvir, por favor! Diga alguma coisa! Não me deixe aqui.
...
 - Eu... Preciso... Ouvir... Diga... Algo...
...
 As tentativas eram inúteis e os ruídos diminuíam a cada palavra por ele proferida. A agonia de estar alí sozinho já tomava conta e seu corpo, tremia, como se fosse um terremoto, totalmente fora de controle, algo que pudesse devastar qualquer vestigio urbano que alí por perto existia. Ele não sabia o que fazer, os olhos não paravam de chorar e a voz começara a falhar. Não conseguia mais gritar, não conseguia suplicar, não conseguia pedir nada além de ajuda. Desta vez, sussurrava para quem pudesse ouvir, mas era incapaz de qualquer movimento que o tirasse dalí. Talvez fosse tarde demais.
 - Se me ouvir agora... Se me ouvir... Por favor... Me ou-ça... Me... Di... - E fora bruscamente interrompido por um ruído vindo de longe, deu o seu último suspiro e sorriu satisfeito. - Eu sabia que poderia lhe ouvir... Que... Estaria... Aqui... Que... Ficaria... Bem...
 Gaguejou e se calou, no meio da noite fria. Ninguém soube o que aconteceu, porque ele pedia ajuda, o que acontecia... Ninguém sabia. Mas existem respostas que não precisam ser encontradas. Na verdade, existem vestigios que nunca são encontrados. Nada precisa de um porquê quando se tem versos.

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