Quem sou eu pra negar?

 É que eu nunca sei o que dizer, consequentemente também não sei o que pensar. Toda a situação faz com que eu não consiga me conformar, diante de tudo, diante das minhas fraquezas. Eu disse mesmo que nunca seria capaz de tirar os pés do chão mas quem sou eu pra dizer algo? Quem sou eu pra negar? Quem sou eu pra querer continuar com isso? Eu não sei, não me reconheço mais. A possibilidade dela enfraquecer os meus sentidos me deixa afobada, porque meus olhos já se acostumaram com o escuro do meu quarto e não sei se posso ver a luz do dia novamente.
 - Café sem açucar, por favor.
 Aí volto aos meus pensamentos e não sei o que fazer. Eu não sei se quero ou se devo, sei lá, tentar? Tentar parece tão... Arriscado. Não sei se quero ter a oportunidade de te ver ir embora como os outros fizeram das outras vezes. Não sei se quero me sentir feliz contigo e depois me sentir miseravel por te perder. Não sei se quero sentir tudo aquilo, embora eu não possa evitar, porque já aconteceu e já está acontecendo. Não tenho certeza se quero sujar os meus sapatos de lama pra depois tirar tudo e usa-lo novamente como se nada tivesse acontecido. Não sei de nada.
 - Aqui está.
 - Obrigada.
 Passo a mão entre meus cabelos, bagunço-os com uma expressão confusa, mordisco o lábio inferior e fecho os olhos. O cheiro do café quente me traz uma sensação de calmaria, enquanto o seu calor aquece o meu rosto. Abro os olhos novamente, lentamente e me pergunto se tudo o que estou vivendo é apenas fruto da minha imaginação, se sou capaz de fazer isso tudo novamente.
 Dou uma longa golada, queimo os lábios mas não me importo.
 E enquanto ao frio? Que se dane. Aí volto a sussurrar.
 Quem sou eu pra negar?

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