The whole world told me I should disappear... Where should I go?
Não sei. Não faço a minima idéia. Enquanto os dias correm lá fora, meus olhos continuam pregados no escuro do meu quarto, mesmo com a janela aberta, mesmo com o sol no lugar da lua, mesmo com a lua no lugar do sol e continuo pestanejando devagar, sem chegar a algum lugar, sem pressa e sem mais demora.
Como, de fato, eu deveria esperar, meus olhos encontravam-se um pouco secos, avermelhados também mas ninguém sabia a causa. Nem os médicos. Nem ninguém. Então resolvi embarcar na minha tripulação de barquinhos de madeira rumo a algum lugar que não fosse previsivel, com uma brisa mais leve que a dor do mar e que me trouxesse algum brilho nos dois lados de cá.
O cigarro queimava no cinzeiro ao lado, as cinzas faziam seu movimento, mergulhando na louça daquele objeto tão gelado, enquanto a fumaça fazia sua coreografia, rumo a qualquer lugar que pudesse ir, sendo levada e logo se desfazendo, como um belo espetaculo de ballet classico, ninguém saberia dizer o porque, ninguém saberia dizer para onde, mas elas continuavam indo.
Meus lábios, entreabertos, se movimentavam lentamente e tremiam um pouco. Ressecados com pequenos cortes e cicatrizes. Acidos como limões bem azedos, pronto para fazer arder qualquer ferida que os tocasse, embora estivessem um pouco cansados. Por isso tremiam e de minha boca não saía nada, a não ser palavras impossiveis de serem entendidas. Eu gaguejava algumas vogais mas nada. Nada mais.
Então volto a me lembrar de quando me disseram que eu precisava desaparecer, mas eu não saberia para onde ir. Foi quando descobri que de todos os amores, nenhum deles eu realmente amei. Que de todos os desamores, de todos eles, eu sofri. Que de todas as mãos que eu peguei, a maioria, eu me esqueci. Que de todos os abraços que sonhei, poucos, eu recebi. Que de todas as lembranças que eu tenho, nenhuma é feliz. E que de todos os contos que eu já escrevi, nenhum foi recíproco e é verdade. A melancolia me envolveu em seus braços e me acolheu. Agora com um copo de whisky, continuo a genial jornada para lugar nenhum.
Se o mundo todo te pedisse para desaparecer, para onde você iria?
E me faço essa mesma pergunta, todos os dias, sem saber que nunca vou encontrar a resposta certa.
Atos, frascos e estilhaços.

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