Talvez eu tenha me deixado levar. Não, não, eu realmente me deixei levar e acho que fui um pouco longe demais.
Olha, meu bem, hei de ser assim. Não há muito o que eu possa fazer por ter extrapolado a mim mesma sendo que sentada nas mesas daqueles botecos, eu era eu mesma, porque eu tinha muito mas não tinha nada e estava atormentada com os destinos que me acolhiam, depois me atiravam e me guiavam novamente, de olhos brancos e vendados, até os meus limites e até aonde eu sabia que poderia chegar.
Não estou dizendo nada, minto. Nego que sei mas que não sei e continuo invertendo todas as frases e costurando as minhas rimas para chegar em um ponto final, você faria isso também? Você se atiraria de um abismo e tentaria voar ou você tem medo demais pra chegar lá? Eu teria medo. Eu me afobaria e se eu caísse, eu iria justamente para onde eu vim e continuaria a respirar, mesmo que me deixasse muitas cicatrizes. A maioria delas, expostas e poucas delas, caladas, em miúdos.
Sei que sei usar metáforas e gosto delas. Gosto de ser poeta e gosto das coisas que me envolvem, gosto do jeito com que lido. Gosto do sal e gosto do açucar, do café amargo e do café adocicado. Talvez nem tanto mas o suficiente para uma madrugada de chuva, depois um vinho barato, daqueles que fazem com que se arrependa no dia seguinte, de todos os erros e de tudo o que foi dito, de tudo o que foi selado.
Voltamos então para aquela minha velha mania de escrever poemas em lenços de bar manchados de vinho. Um pingo aqui, um pouco lá, dez pra cá, vinte e cinco no outro canto. Depois dezenove mentiras para nos divertir. Damos risada e fingimos que nada aconteceu. Só nos beijamos, transamos e no dia seguinte, não somos mais nada.
Me diz aonde seus olhos querem enxergar, porque logo atrás de você, eu posso remar e aí ficamos bem. Mas só se você quiser. Somente se quiser. Só você.
Uma xícara de café amargo, por favor.

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