Pequeno oeste.

 Eu cresci numa cidadezinha empoeirada que ficava a beira de uma estrada coberta por areia. Ninguém sabe aonde fica, ninguém sabe o nome, mas foi dali que eu vim. Foi seguindo essa estrada empoeirada rumo a um lugar qualquer que eu cheguei aonde estou, embora não saiba muita coisa, com apenas 30 paus no bolso achando que poderia fazer algo de diferente.
 Com uma calça marrom, larga, presa apenas pelo meu suspensório também marrom, sapatos desbotados, uma blusa branca, com o terno velho e surrado equilibrado por dois de meus dedos, que se apoiavam em meu ombro, enquanto meus olhos continuavam fixos naquela estrada que parecia ser infinita. O suor escorria e pingava, deixando vestigios pela areia que ali estava também, a procura de alguma coisa, que saía voando quando o vento batia e a levava para o outro lado, aonde nenhum carro ou nenhum ser humano se atreveria a passar. Eu estava ali porque eu não tinha pra onde ir. Eu era apenas um garoto de uma cidadezinha desconhecida no oeste daquele país, cujo não tinha nada a não ser a esperança de sobreviver até 1945, já que em 30, era tudo um pouco mais complicado.
 Foram dias e mais dias na estrada, até encontrar um boteco. Entrei no mesmo e daquele dinheiro que eu tinha, investi em algumas doses de whisky barato para aliviar o cansaço que andava sentido por caminhar por tantos dias. Eram muitos papos de lá, muitos papos de cá e alguns deles até comentavam da cidade próxima. Perguntei a eles se teria chance alguma de conseguir algo alí. Os dois se entreolharam e passaram a debochar da minha cara, dizendo que um garoto como eu nunca conseguiria nada alí, óbviamente, eu não sabia nem escrever direito.
 Não desisti. Prossegui com a viagem até enxergar de longe, as várias luzes que iluminavam e acolhiam aquele lugar tão mágico perto de onde eu vivia, aonde as casinhas eram feitas de madeira. Não. Alí havia tijolos, alí haviam automóveis que eu nunca havia visto antes, alí tinha de tudo, alí tinha um sonho, alí tinha a esperança. Então, com um sorriso estampado na face, andei alegremente o que ainda restava da estrada, preparado para mudar de vida.
 E o que aconteceu comigo? Gastei tudo o que me restava em vários copos da cachaça mais chula que alí poderia existir. É porque conheci, é porque me envolvi. É porque eu não sei de nada. Porque nunca vou saber.

Bookmark the permalink. RSS feed for this post.

Leave a Reply