Retornando a Minas Gerais.

 Estou com saudades. Sim, sim, saudades das viagens de carro que eu costumava fazer quando era menor, indo para Minas Gerais, estado natal de minha mãe, que agora vive apenas na memória da pequena e pacata cidade de Três Pontas, no sul de Minas, rodeada por morros e histórias de um passado que quase ninguém se atreveu a descobrir... Ou talvez se questionar.
 Gostava de andar por aquelas estradas longas, infinitas, observando os morros que predominavam naquela região. Uns com algumas arvores no topo e outros sem nada, outros apenas com uma só e davam aquela sensação de paz, até bucólica de se imaginar o que alí se passava. Longos terrenos com morros cada vez mais altos ou mais baixos, verdes como um pasto europeu e os cabelos longos, louros escuros, voando pelo vento com os óculos escuros, de quem escondia não só as tristezas, mas como tudo o que acontecia nos dias anteriores e eram completamente apagados toda vez que subiam os morros de Minas.
 Ah, não, não, não sou mineira. Mas tenho origem da política do café com leite e me sinto bem toda vez que viajo para Três Pontas e desfruto daquela enorme plantação de café também. Já sou apaixonada por café e gostaria de dar umas longas voltinhas por aqueles campos extensos que parecem ser tão espaçosos e vão subindo e descendo, até se perderem no horizonte sem fim, acompanhando aquele relevo tão (in)delicado daquela região tão fria nas noites de inverno.
 Daí, lembro-me de passar em frente a um antigo casarão. Minha mãe contou-me histórias sobre esse casarão. Era uma fazenda antiga, talvez fundada na época de 1800 e alguma coisa, não consigo me recordar do nome mas era algo que terminava com 'Negra' e parecia um casarão portugues, agora pintado de azul, com longas janelas de madeira, as portas também longas e uma recordação quase assustadora de ter algum tipo de relação com a história do ouro... Talvez alguma familia muito bem sucedida, mas era um icone quase inapagavel da pequena cidade que por alí por perto ficava.
 Assim que cheguei na cidade e fomos em direção a casa do meu tio avô, percebi como era a vidinha dos três pontanos que ali viviam, em paz, como se não houvesse muitas preocupações. Alguns andavam de bicicleta e outros passeavam pela pracinha da igreja, com seus filhos. Subimos um longo morro, meu pai resmungava baixinho pelas falhas que o carro apresentava ao subir aquele lugar e quando chegamos lá no topo, eramos capazes de enxergar a famosa serra de Três Pontas ao longe e do outro lado, um vasto terreno cheio de matos e com algumas torres ao longo. Dei um pequeno suspiro e sorri ao observar a cidade.
 Bem que queria voltar. Três Pontas, ah, Três pontas.

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