Essa sou eu em uma terça-feira a noite. Reclamando e resmungando sobre a noite mal dormida e sobre as situações cotidianas que insistem em me incomodar. Sinto o cheiro do cigarro lá fora e não posso fumar, não consigo fumar. Sinto o perfume de pétalas negras e não consigo acordar. O dia é o mesmo e a noite é só um devaneio.
Hoje eu penso em tudo. O cansaço não me impede e as palavras se constroem automaticamente na minha pequena e alegre canção. Hoje tenho um violão pra poder cantar e finjo estar um pouco mais feliz. Eu tento acreditar, mas me parece impossível de se ver. Poderia ser simples, como passos bêbados em uma rua deserta em plena madrugada, ou poderia ser dificil, como acreditar em finais felizes que sempre fizeram um cego continuar a caminhar pelo túnel vazio. Era tão fácil de se escrever sobre, mas como eu poderia dizer?
Aí paro pra pensar que de um romance, a gente encontra outros e que meu lado sentimental sinceramente prefere não entender como isso funciona. Na maioria das vezes, quando penso em calcular o meu rumo, eu vejo que faz parte se perder assim, só que nem sempre. Nem sempre é tão bom. Eu não gosto de me perder, eu gosto de remar, mas não gosto de chegar. Nada entendo, nada descubro, nada consigo enxergar. Sou outra cega procurando por um refúgio.
Eu tenho meus inocentes e inconsequentes dezoito anos, pouco sei sobre a vida, pouco vivi para entender a visão que o mundo tem sobre ele mesmo. Sou apenas um passo perdido no meio dos bêbados da madrugada e entendo que não acredito em muito do que se deveria acreditar. Sou tola, rainha de mim mesma, razão e questionamento do fracasso e das ondas dos mares. Fracasso da chuva e do outono inexistente nessa minha terra.
A voz trêmula que canta as minhas palavras lentamente e desafina toda vez que chega perto do fim. Eu tenho um violão, eu tenho um remo, uma vela pra velejar, um navio pra afundar e outros trezentos para sentir ou tentar sentir. Eu tenho uma monotonia, uma melancolia jamais vista. Eu tenho alma de pseudo poeta e olhos de um artista frustrado... Eu não tenho nada.
Nem arte, nem música, nem poesia e nem uma verdade sequer.
Verdades, poesias e melancolias

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