Sorriso irônico estampado na cara depois de se dar por vencida. Três potes e meio, meias verdades lacradas pra que não corra o risco de fugirem depois. Nem quando a madrugada resolver chegar, nem quando o dia quiser amanhecer ou nem quando aquela voz resmungar as mesmas frases feitas depois de um dia fora. As luzes da casa apagadas e um suspiro aliviado vindo da sala. Essa sou eu.
Pernas esticadas, lata de cerveja na mão em plena quarta-feira, cara de tédio pra televisão porque eu detesto assisti-la. Não tenho paciência. O controle na mão esquerda, mudando de canais como se por um milagre, fosse aparecer algo que realmente me interessava. Televisão não me prende. Televisão me entendia. Televisão é um porre e eu odeio a globo. Desliguei-a e continuei dando leves goles na minha cerveja. Quem me olha assim, jura de pés juntos que tenho uma vida ótima e que não preciso de mais nada.
Levanto-me rapidamente em busca de alguma solução, vou até a cozinha e bebo um copo de suco de laranja. Daqueles de caixinha, porque dá menos trabalho e já vem pronto. Haja paciência pra ficar fazendo suco, eu definitivamente não sou dessas. Jogo fora a latinha de cerveja e me pergunto porque tomei suco com cerveja. Logo resolvo deixar quieto e vou pra sacada. Dou aquele meu sorriso ironico de sempre, derrota estampada na face e um metro e meio de mentiras descaradas.
Quem sou eu?
Televisão, cerveja e quarta-feira.

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