Quem diria, hein? Que uma noite de verão pudesse simplesmente fazer com que meus olhos passassem por você sem nem ao menos perceber que naquele tempo todo em que eu sempre estive perdida em outros cantos, eu nunca havia reparado que... Existia você alí. Apesar de saber. Ou não saber. Ou simplesmente nunca me convencer de que eu nem quis pagar pra ver que você iria se tornar muito mais do que poderia pensar em ser.
Muita coisa aconteceu. Nem me lembrava mais. As noites de verão era normais e com um cigarro e meio na beira da praia, eu passava entediada, contando as horas pra voltar pra casa e finalmente pensar que daria um rumo certo na minha vida. Dá pra entender? Não, nem eu entendo. Mas quando eu cheguei... Ah, quando eu cheguei.... Eu te vi. De novo.
Então o destino te trouxe de volta, certo? O tempo te jogou no meu barquinho de papel como uma tempestade que provoca as marés calmas de um oceano quase infinito e aí... Bem, aí o meu barquinho se perdeu. Ele se perdeu porque você apareceu. E eu nunca vi. De novo. Engano meu.
De braços cruzados, eu te observava como quem quer preencher o vazio tão permanente e você me olhava. Me olhava... Sei lá, você só me olhava. Eu só não sabia porque e nem da onde você veio, nem sei como você surgiu ou porque você resolveu me fazer perder o rumo, porque quando pestanejei e finalmente abri os olhos, você ainda estava lá. Sim. Bem na minha frente e eu ainda não sabia dizer o que estava se passando. Podia ser engraçado, pois a expressão confusa estampada na minha face era quase impossivel de não se perceber e todos me diziam alguma coisa do tipo, me perguntavam o que eu estava fazendo e aonde eu pretendia chegar.
Sei lá, porra, se eu pretendesse chegar a algum lugar, eu nem me atreveria a sorrir pra você. Eu nem sabia aonde eu iria parar, aonde você iria me levar, eu nem sabia que todo aquele momento pudesse se diferenciar dalí pra frente e que eu me perderia nessa tempestade inteira só por ter te olhado melhor. Só porque eu quis reparar. Só porque dessa vez, eu tive que reparar. Só porque... Só porque é você e aí as coisas ficam bem depois de um tempo.
Mas se estiver me ouvindo, ligue o farol e me guie. A tempestade é intensa, você caiu aqui e eu preciso que apenas você me tire desse sufoco, antes que todo o meu barquinho se desfaça e eu tenha que nadar. Me guie. Seja o meu farol, o meu porto e eu serei o seu barco. A te levar pra onde quiser, pra onde pedir, pra onde desejar, sem rumo e sem hora pra voltar.
Por uma noite de verão e cinco meses de sufoco.

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