Minha vida é uma confusão. Cê sempre soube disso não? Acho que sempre soube sim. Cê sempre esteve lá, mesmo não muito perto, mas estava lá pra ver a minha desgraça diaria. Fumando um cigarro ou dois, com os lábios colados e os olhos verdes tão atentos que nem os meus poderiam perceber os minimos detalhes que talvez você visse e como eu sempre deixei passar, não me importei. De novo.
Depois de muito, a gente meio que foi se percebendo uma na outra. Era um bocado esquisito né? Te chamar pra sair ou até mesmo te ligar sem nenhum motivo aparente apenas para fazer gracinha ou finalmente dizer que eu te achava especial, coisa do tipo, coisas que não precisam fazer sentido depois de uma noite chuvosa cheia de relampagos. Palavras que talvez mudariam tudo se não fossem ditas, vinhos que seriam jogados fora antes mesmo de eu lhe dizer todas aquelas coisas que eu sempre gostei de dizer. Rascunhos transformados em roteiros e dias que se transformaram em meses, justamente porque você estava longe. Justamente porque te quis. Porque arrisquei.
Daí eu quis tentar, dei tudo de mim, realmente gostei. Paguei as flores e todas as coisas clichês de sempre e levei-as até você, segurei sua mão e quis te levar para onde a maré nos quisesse guiar. Talvez se fosse tarde ou se fosse manhã, mas estariamos alí e eu te seguraria para nunca deixar cair de meus braços tudo aquilo que parecia ser meu mundo por um instante e se foi no próximo segundo em que resolvi pestanejar e lá estava eu, sozinha de novo, no meio do mar, um pouco perdida, talvez. Não sei. Voltei pra casa o mais rapido possivel antes que pudesse chover e cheguei a tempo.
Mas sabe de uma coisa? Eu gostava bem mais de você quando você era minha. Agora? Tanto faz.
Você mudou como quem rasga todo o roteiro e fica só com o rascunho, talvez por isso eu nem queira mais entender.
De rascunhos a roteiros.

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