Nova Iorque

Era exatamente meia noite, bem, talvez agora fosse uma da manhã, pois um minuto fez a diferença. Estava frio, muito frio, congelante e para me aproveitar do frio, tomava um vinho, observando em silêncio a paísagem lá fora. Carros, haviam carros de todos os tipos e não se cansavam de circular por aquelas avenidas tão iluminadas. Também era possível ouvir sirenes, sim, sirenes. Talvez fossem da polícia ou até mesmo de ambulâncias agitadas dessa cidade que nunca dorme. Observava-se luzes, distantes e outras mais próximas. O frio não as apagava, elas continuavam brilhando como nunca, guiando quem estava perdido até seu destino, deixando Nova Iorque cada vez mais brilhante, inexplicavel como aquela madrugada. Encostei minha testa de leve naquele vidro gelado, agora eu poderia dizer oficialmente que estava em Abril e que faltava um mês e dois dias para o meu aniversário. Poderia dizer que por uma diferença de 60 segundos já estava em outro mês, como por exemplo, poderia estar em outro ano. Aquele vidro gelado rapidamente se esquentava devido ao meu calor enquanto eu continuava a observar o que se passava alí, tomando meu vinho, calmamente, esperando por um milagre. Não me conformo com nada do que vejo. Carros e mais carros, pessoas e mais pessoas, barulhos e tantas outras coisas tão notáveis e banais, me entristecia cada vez mais e bem, isso se tornou parte da minha rotina, afinal todas as minhas madrugadas eram daquela maneira, só não entendia perfeitamente como estava alí ainda e entre suspiros e outros, embaçava o vidro, a ponto de ver pequenas marcas deixadas antes por alguém, que eu não sabia quem e mais pareciam ser iniciais, como por exemplo, um coração e algumas letras, impossiveis de identificar. Aquilo me causou uma dor extrema, pensar que o fato de que uma pessoa que havia entrado na minha vida só depois de muito tempo, podia fazer tanta falta assim. Era um amor extremamente cruel e verdadeiro, que me arrancava o que restava, me arrancava o orgulho e a felicidade, vivia entre sorrisos e nenhum deles, verdadeiros. Entretanto, minha rotina só poderia ser assim: Acordar, sentir sua falta, passar a noite em claro, sentir sua falta, dormir, sentir dor, acordar e sentir sua falta. E se repetia, dia após dia. Continuamente, como minha poesia numa fria madrugada em Nova Iorque. E onde estaria você?

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