Eu não lhe procuraria se não soubesse da verdade ou se não desconfiasse de seus atos. Eu nem me importaria, talvez eu desse apenas mais um trago pra tentar fingir, fugir, tanto faz. Eu só sei que daria mais um trago.
Vejamos todas as evidencias, primeiro os olhares, depois os lábios, as palavras, os rostos, os cabelos, os gestos e as risadas. Vejamos também as palavras, tudo que deixamos pra trás e mais um pouco que possamos encontrar pela frente, talvez saibamos até demais, talvez eu queira até demais e você não. Sei lá, não entendo muito, só sei que escrever pra você já se tornou uma rotina, a qual eu pretendo fugir pois rotinas me entediam e cá entre nós, eu sempre acabo voltando. Olha aí. Mais um texto pra você.
Engraçado que quando realmente fomos apresentadas, eu nem notei muito. Confesso que não foi grande coisa. Grande festa, grandes mulheres, eu acompanhada, você perdida, bebidas e mais bebidas, palavras, músicas, risadas e aquela famosa distração de quem não procura nada. Não encontrei nada alí, nunca encontrei nada antes e creio que nem chegue a encontrar o que tanto espero, que nem sei o que é, embora saiba que exista ou que não exista ou fique me contrariando o tempo inteiro, já que gosto de rodeios e sei que talvez você também goste. Sei que não nos reparamos mas depois quando bati meus olhos em você, soube o que queria, a pena toda foi que você nunca me pediu pra lhe escrever um conto de amor. Poderia eu lhe escrever um conto de amor sem ficar mal? Lhe escrever uma carta Machadiana e citar alguns versos de Miss Dollar? Talvez te conquiste ou você simplesmente me ignore. Sou uma escritora e nada mais.
E aquele teu jeito estranho de me olhar. Ah não, não sei se é coisa da minha cabeça não, mas seu jeito estranho de me analisar ou sei lá o que você faz. Que diabos você tem com esses olhos azuis que eu não consigo entender de jeito nenhum. Não vejo sinais, não vejo fogos, não vejo brilhos, não vejo nada. Nada mesmo. Não vejo nem um pequeno gesto de ternura quando você me procura ou quando simplesmente passo a ignorar a forma com que me olha justamente para que eu não me sinta tão incapaz. Cê deveria me falar o que cê faz, pra eu entender. Pra eu conseguir correr, entende? Mas não são minhas palavras que vão me salvar dessa vez. Nem as suas. E talvez nada do que a gente espere mais tarde.
Não, não. Não vou lhe citar Chico Buarque ou Caio Fernando Abreu ou qualquer coisa desse tipo. Acho que não preciso dizer que sua personalidade pseudo sagitariana com planetas em escorpião chega a ser assustadora quando se trata dos assuntos sentimentais. Nem devo dizer que quero tanto desvendar o que se passa dentro desse pequeno casco alaranjado que insiste tanto em me atormentar. Me encomodar, cutucar, pedir pra invasão e eu tento entrar em um acordo de paz, mas somos como gregos e troianos. Só não sei quem vai ganhar, se é que existe vencedor num "jogo" como esse, certo? Não sei mesmo.
Só sei que não entendo de nada, que não sei de muita coisa mas que, sinceramente, quero estar presente. Quero fazer parte, quero estar contigo ou eu realmente preciso ser um estereótipo dos caras que você pega? Primeiro que sou uma garota e segundo que tenho o dom da literatura. Isso te serviria? Você deixaria de lado alguns pequenos detalhes e tentaria se deixar levar comigo em pequenas palavras que nos levam como se fossem marés? Ou você viraria as costas e fingiria que nada aconteceu? Talvez eu espere isso de ti. Vire as costas e nada aconteceu. Cê vai embora, eu fico aqui e tá tudo bem. Tá sempre tudo tão bem, não tá? Sempre.
É, meu bem, fique na minha cabeça ou se vá. Se abra comigo e depois suma no mundo sem me avisar. Cite-me qualquer coisa e me abrace devagar, depois se a noite pedir pra ir embora, a gente deixa. Quem disse que o sol precisa chegar quando se tem os teus olhos pra enxergar?
Terra à vista.
Terra à vista.
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