Criança ingenua em dias de chuva.

Descobri que pareço uma criança ingenua.

Implorando a algo por um brinquedo novo, ou algo que realmente eu queira guardar e que signifique.

Sou uma criança ingenua implorando por um amor, por um destino que me favoreça, que traga o que eu sempre quis, o que sempre sonhei, o que sempre esperei.

Sou uma criança tola apaixonada. Cega. De olhos fechados para milhares de defeitos que pareciam transparecer a toda tua alma, puritana e um tanto ameaçadora, entristecendo meus olhos vazios, cobertos por lágrimas vermelhas que não secariam com mais um cigarro nos lábios, pretendendo e mentindo por um dia melhor. Esperando aqueles lábios, do lado de fora da janela, na chuva, enquanto a noite lhe abraçava e lhe cobria, confortavelmente, as pernas e ela apenas observava as goticulas que batiam em sua janela, implorando pelo vento que as abrisse e que pudessem lhes tocar os lábios.

Eu, do lado de fora, observava seus movimentos, lentos. Apaixonantes. Esperando por algo, talvez por alguma resposta que me fizesse crer que era apenas um momento tolo, que tudo passaria e que aquilo que todos chamam de amor não significaria mais nada e chegava a ser impossivel tirar meus olhos de ti. Era impossivel.

Talvez minhas lágrimas se misturassem com a chuva, aquecendo-a e transformando-a em uma fonte de bobagens, de tristeza, de memórias que me atormentassem e que me fizessem crer, que escrever milhares de cartas e joga-las janela a fora, seria inutil, eu precisava de algo a mais.

Ela, então, se movia, lentamente, dormia como um anjo, aquecido por seus cobertores e se movimentava de vez em quando. Envolvia suas mãos em seu rosto, aquecendo-o, parecia sentir tanto frio mas parecia estar tão confortavel que chegava a ser contraditório. A cena era extremamente contraditória e me fazia pensar: Que diabos estou fazendo aqui se deveria estar dando uma volta pelos sonhos dela? Só para atormenta-la mais uma vez.

Então, desfiz minhas memórias e fui dar uma volta nos seus sonhos e não, nada encontrei a não ser o meu destino... Estar ali, esperando por ela, para que acorde, num dia qualquer de chuva, em meus braços quentes.

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