Por todos os amores.

Bom dia ao dia, boa noite a noite.

Hoje, tragicamente, narro o fim dos meus dias.

O dia do dia em que eu iria conhecer o indesejado, o grandioso.

Que leva os outros embora, para um lugar que ninguém sabe onde fica.

Sabe-se lá o que se passa em minha mente, eu só queria ve-lo.

- Venha me persuadir, não tenho medo.

Era assim, repetia essa mesma frase todas as noites quando pensava estar próxima do fim.

Que tragédia! Não sentiria minha falta. Ninguém sentiria. Sou uma minoria, sou tão facilmente esquecida, não sou permanente embora seja insistente, apago rapidamente minha memória da mente das pessoas.

Ela aparece, então, com flores brancas. Simbolo da pureza e da calmaria. Se aproxima e logo sussurra:

- Por que queres tanto ir comigo?

Num sorriso, expressei diretamente o meu tão desejado desejo.

- Eu não pertenço a esse lugar. Não sem ela. Aprendi a viver com um amor que se transformou numa eterna dor. Leve-me contigo.

- Por um amor?

- Por todos os amores. Por ela.

E como quem tinha certeza da vida, as luzes se apagaram.

E amanheço fria, coberta de roupas velhas, com manchas vermelhas por todo o piso.

- Por todos os amores que derramei.

Por todos os amores que a vida me tirou, agora me retiro de ti, vida.

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