Era outubro. Frio. Primavera esperando pelo verão que estava por vir e ela, sentada na janela de seu quarto, lia algum livro sobre qualquer coisa, como gostava de fazer nos finais de domingo.
Os cabelos ruivos voavam de acordo com o ritmo do vento, que soprava, leve e levava consigo algumas memórias. Ela se aflingia, no entanto, continuava a ler, se envolvendo um pouco mais na linda história de Nicholas Sparks, como se fosse a personagem principal, como se não houvessem fronteiras, como se tudo fosse real e mantinha seus olhos, castanhos, brilhantes como nunca, concentrados em cada minima palavra de Sparks.
O nome dela? Ninguém sabia. Ninguém precisava saber. Não interessava. O nome dela era simples, diferente dela, que costumava ser extremamente complicada mas que guardava um coração imenso, que quase ninguém conhecia.
Aqueles olhos não me enganavam. Na noite de verão em que os vi, brilhavam como nunca, diziam coisas tão maravilhosas quanto qualquer poesia de Lispector. Eram mais poéticos, eram mais ritmicos, dançavam como uma linda bailarina e não deixavam a desejar. Me deixavam desejando-a.
Ela era quente como nunca, sua pele tão macia quanto o tecido mais doce que poderia existir. Seu abraço era tão protetor quanto suas mãos, que me agarravam no instante em que se afobavam. Eu gostava. Ela gostava.
Seus lábios eram doces, grossos, como dois rios que se cruzavam em uma unica direção, harmoniosamente juntos, entrelaçando seus pedaços e se unindo como um todo, trazendo um calor imenso, um prazer intenso a qualquer um que ousasse toca-los e se perder, naqueles rios inocentes mais ao mesmo tempo tão quentes.
Ela continuava a ler, calmamente, tão doce e tão inocente, tão diferente...
De noite, ela era uma dama, poderosa, rainha de todos os mundos. Era quente e sabia seduzir qualquer um para suas armadilhas de amor, fazendo com que se tornassem escravos daqueles lindos lábios e daqueles olhos, cobertos em castanho, mais que não escondiam aquela chama intensa que estava por trás daquele corpo, daquele conjunto perfeito e harmonioso, daquele conjunto de inocencia e de poder, de amor, de paixão, de sexo e de traição. Era uma chama só dela, acesa pelo seu olhar, pelos seus cabelos que me arrepiavam e pelas suas mãos, que me seguravam.
E de tudo, aquela garota ruiva que lia aquele livro qualquer, é a garota que venho desejando a minha vida inteira, se fosse irreal.
É real e quando seus olhos se juntaram aos meus, eu percebi que existia uma harmonia. Única. Era somente eu e ela. Ela e eu. Nada mais.
Garota ruiva e o livro de Sparks.

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