Uma janela, um conto e um apartamento.

 Tenho dito que detesto quando as coisas fogem do meu controle e tenho reclamado também de todas as atitudes que eu julgo inúteis, talvez inconvenientes, sei lá. Quem se importa com inconveniencia ou não?
 Eu não. Não ligo. O que me for confortavel, vestirei e se estiver fazendo muito sol, porque não fechar a cortina? Quem disse que eu me importo?
 Com o cheiro de cachaça na roupa, cigarro, maconha, tudo que eu gosto. Marcas de batons, de tintas, memórias quase transparentes de uma noite anterior em um clube que eu nem me lembro o nome. Tristeza, melancolia e seios. Muitos  seios.
 Embora os meus instintos me digam que faze-los seja mais interessante do que estabelecer um elo entre eu e outra pessoa (digo um elo firme, não algo fragilizado), de vez em quando, eu me fragilizo e nada posso fazer se o casulo se quebrar. Aí acontece tudo de novo e as sensações estranhas tomam conta de tudo aquilo que antes, me parecia ser facil de programar.
 Mas é sempre assim né? Você se senta numa mesa de boteco, bebe todas as cachaças do cardapio ou bebe varias doses da mais barata para se livrar daquela dor desgraçada que parece lhe dominar, desde os pés a cabeça. Parece incuravel, parece intocavel, parece ser tortura, parece... Sei lá. Parece ser uma doença que você consegue até mesmo esquecer do quanto era mais facil andar sozinho, embora muita gente insista que andar com alguém, seja bem melhor.
 Em contrapartida, eu fecho a janela e me esqueço de que há sol lá fora. Muito sol. E até mesmo de que posso apenas fechar as cortinas para que ainda consiga sentir todo o calor que ele oferece, eu ainda prefiro deixa-la trancada.
 Quem sabe um dia eu consiga entender tudo o que eu não consigo encontrar. Quem sabe um dia eu veja e quem sabe um dia... Eu te peça.

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