Chuva gelada que caía de um céu escuro mais gelado ainda, atrapalhava a visão dos automóveis que buscavam seus rumos, guiados pelas luzes que atropelavam a escuridão e que emergiam das construções e em nenhum delas, estou.
Areia seca, longe de qualquer cidade e nos cantos de uma estrada, estou eu. Suando, sonhando e delirando. Dificilmente algum carro pára e eu posso até me deitar no asfalto escaldante e empoeirado para tirar um cochilo, esperando, esperando e esperando. Fecho os olhos e o sol continua a me tostar os neurônios, me impedindo de sentir a brisa do fogo me arder os dedos, os pêlos, os porques e os lábios. Me arder a dor, a música e a gaita que soava lá de longe.
Roupas sujas e rasgadas, esperanças acidentadas e cabelos mal cortados, suados com os pés queimados. Até quando vou aguentar? E só pude abrir os olhos depois de ser engavetado.
(Conto mal feito que escrevi em uma metade de uma folha de papel, talvez seja por isso que tenha poupado muitas coisas dele.)
Um dia no deserto e uma noite na cidade.
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