Nostalgia.

 Como eu queria voltar naquele dia... Como eu queria ter tudo aquilo de volta, como eu queria ouvir aquelas palavras novamente só para fingir que estou bem e ir dormir tranquilo... Como eu queria estar ali, sentado na mesma cama, ouvindo a noite lá fora e os gritos de felicidade das pessoas que comemoravam... Como eu queria voltar. A neve insistia em cair lá fora, o dia estava quase se pondo, se rendendo lentamente ao crepusculo que invadia o céu. Meus olhos estavam um pouco avermelhados e cansados pois eu acabara de acordar. A janela do meu quarto estava com as cortinas abertas e permitia que a luz daquele dia invadisse cada canto de meu quarto, sem sua minima permissão. Hoje era natal.
 Levantei-me lentamente de minha cama sem vontade alguma de acordar, já acreditava no propósito de que estava vivendo minha vida por viver, que não tinha mais motivos para acordar na manhã seguinte e sorrir, como eu sempre fazia. Eu estava um pouco cansado do que me rodiava, estava cansado da vida que levava, dos dias serem sempre iguais, embora me trouxessem lembranças inuteis, esperanças inuteis de que um dia eu alcançaria o que tanto esperava.
 Desci as escadas até a sala, a televisão estava quieta, a casa estava vazia e parecia estar cada vez mais fria, andei até a cozinha, procurando uma ultima esperança e nada. Não encontrava nada. Procurei olhar pela janela em busca de alguma alma que por ali poderia passar e meus olhos se confundiram com a neve. Nada adiante. Suspirei como se não houvesse outro dia e decidi me sentar no sofá, ler o jornal e ver qual seria a desgraça de hoje.
 Nós sempre fomos tão unidos... Mesmo que ele fosse meu melhor amigo de infancia você apareceu e em tão pouco tempo te contei coisas que não diria a ninguém mesmo! Você realmente me marcou e... Ligação interrompida. Créditos acabaram e tudo o que eu podia pensar era na merda que essa lembrança me trazia.
 Eu nem acredito que você esta aqui, na minha frente! É tão bom... Venha cá e me abrace direito.
 Não importa o que vai acontecer agora, eu te amo. Eu te amo muito. Vai ficar tudo bem, eu sei que vai... Termine logo tudo isso e venha embora para cá, para ficarmos juntos e tudo ficar bem. Agora as lágrimas já tinham se tornado visitantes indesejaveis... Eu pedia para que fossem embora mas ela não me deixavam em paz, não me deixavam parar, não me deixavam respirar... Eu queria fugir, eu queria escapar mas não era capaz. Eu era fraco. Fraco demais.
 Agora a noite já estava me abrigando. Já havia apagado todos os raios de sol e acendido as luzes das ruas. A casa permaneceu escura, como a noite que nem a presença das estrelas possuía mais. Era a hora de falhar completamente, era hora de fugir, era hora de correr, era hora de me esconder.
 Levantei-me e fui até o banheiro. As pilulas pareciam atraentes dentro daquele vidrinho laranja. Esvaziei o mesmo em minhas mãos e tomei as pilulas, seguido de um copo de agua. As luzes lá de fora iluminavam um pouco o banheiro e eu ainda podia ver meu rosto, avermelhado, com os olhos cada vez mais transparentes, de dor, de rancor, de ódio... E passei a perder o sentido das coisas... Por uns instantes não ouvia mais nada e por outros já não via mais nada e o silêncio da noite me envolveu em seus braços, me guiando para um lugar qualquer... Que talvez eu ainda encontre... Uma esperança... Uma... Esperan... ça.

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