Um telefonema e a banda de samba.

 - Mais um, por favor?
 - Mais um?
 - Sim. Mais um.
 E me entregou o objeto azul que estava em suas mãos, com um olhar desconfiado.
 - Não acha que está exagerando hoje?
 - Não. É o suficiente.
 - Vai ligar?
 - Vou tentar. Devo?
 - É, eu acho que deve sim. Eu não ligaria.
 - Você nunca liga.
 - É que eu sei que se eu não ligar, ela não vai ligar de volta.
 - Então! Deveria ter ligado.
 - Acho que não.
 - Tudo bem. Vou ligar.
 Os bipes compassados do outro lado da linha me assustavam um pouco. Meu coração batia conforme o tom daquele momento tão confuso e atormentador. Parece até simples, mas é dificil quando se trata de...
 - Alô. - Ah que merda, eu não tava planejando isso.
 - Alô! Érr... Com quem falo por favor? - Eu reconheci a voz, mas fingi que não.
 - Sou eu... - E disse seu nome, que eu já sabia de cor.
 - Ah, oi! Sou eu... E eu gostaria de saber como você tá? - Idiota?
 - Olá! Eu estou ótima e você?
 - Estou bem, que bom! Então, eu gostaria de saber se você vai estar em casa esse final de semana.
 - Acho que sim, por que?
 - Queria te chamar pra sair. - Senti minhas espinhas congelarem.
 - Claro. Aonde quer ir? - Ela aceitou?
 - Qualquer lugar que você queira! Tem alguma idéia?
 - Por enquanto não, mas vou pensar.
 - Tudo bem, passo pra te buscar as nove?
 - Tudo certo. Te vejo lá.
 - Okay, até mais.
 Desliguei.
 Suspirei novamente e olhei a minha volta.
 - E aí? Como foi?
 - Ela aceitou!
 - Como vai ser?
 - Eu não sei, só sei que vai ser.
 E peguei minha jaqueta jeans pra pular na cidade. A banda estava passando, o samba estava tocando e eu fui a procura dela junto com a música.

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