Diário de hotel

 Apesar do intenso desejo, eu não vou quebrar a minha promessa de ser sempre mais forte. Existem pequenos interesses que não podem ser submetidos a uma vida procurando por algo que nunca se encontrou. É como eu me sentia diante de toda a situação, eu sabia que queria mas não podia. Eu nunca pude e eu só não quero poder. Ter medo de deixar as coisas saírem do seu conforto estúpido para um mundo aonde quem manda são os fortes e os pequenos e fracos sofrem, calados, sem esperanças.
 Anotei os pensamentos em pequenos pedaços de papéis e decidi me levantar. Tava escuro, chovendo e a viagem no dia seguinte seria longa. Eu suspirei novamente quando pensei em contar até cinco para fugir daquela prisão que chamavam de quarto de hotel. Eu não sei quem sou, não sei aonde estou, só sei que não sei de nada além das chaves do meu suposto carro em cima da mesa e de um ar condicionado que cheirava a cigarro. Cigarro velho. Televisão barata. Cama ruim. Roupas rasgadas. Ela, eu e só.
 Só ter saudade de um tempo que nunca existiu e de um passado que nunca aconteceu.

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