Saudades.

 Acordei sentindo saudades.
 Acordei respirando você em todos os sentidos e acabo de perceber que minha cama está tão vazia quanto eu, sem você para olhar, sem você para abraçar.
 Procurei teus olhos de imediato, aquela luz distorcida que ele refletia enquanto me olhava e seus lábios aflitos se transformavam em um sorriso. Meigo. Um sorriso que nunca fora meu.
 Suas mãos me deixaram e me atiraram. Suas mãos me soltaram e a altura era tanta que eu acabei por cair no chão, com as asas quebradas, sem saber voar, sem desaprender a viver sem você, sem nada.
 O tempo anda mas nunca volta e nessa pressa toda, estou com receios de lhe acompanhar, não sei o que me aguarda, não sei se quero um futuro sem você mesmo que eu precise viver assim, ele está correndo, muito. Em alta velocidade, como um avião, pronto para decolar mas eu esqueci a minha bagagem.
 Sim, a minha bagagem. Aquelas memórias que eu fiz questão de tentar levar comigo e fui barrada na entrada.
 "Proibido dores e desamores." Que maldita companhia aérea é essa?
 Então eu lhes obedeci. Cigarro, fogo, alcool e memórias se tornaram cinzas, pensei que estaria livre.
 Talvez ainda te espere na sala de embarque... Ou de desembarque.

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