Poeira de Vênus.

Ela poderia se expressar da forma mais clichê existente.
Mas isso não lhe convém, ela retruca e quer dizer.
Talvez porque quando olhou aqueles olhos, se sentiu como o vento.
Que passa, ultrapassa e sopra poderoso dentre os cabelos dela.
E não era o suficiente, mesmo quando lhe abraçava.
Parecia abraçar o travesseiro, durante um pesadelo numa fria madrugada.
Queria mais, queria tudo e mais um pouco.
E não se cansava, não se cansava.
Sonhava em ir a Saturno, mais quando tocava-lhe os lábios, ela ia além.
Talvez estivesse em Saturno, viajando no mais belo céu estrelado como quem não quer nada.
Sentia-se como todos a descreviam, como se fosse Vênus, o planeta do amor.
E gostava. E amava. E amargurava. E sentia. E se apaixonava.
Queria mais, talvez mais um abraço daqueles.
Mais se deparou com aquele corpo.
Quente, preciso, como o mais lindo! Era mais perfeito que Saturno, era tão poderoso que a envolvia e a calava, num suspiro profundo, de corpos quentes e inseparaveis.
E percebeu o quanto era bom amar, percebeu aonde queria estar, percebeu aonde pertencia.
Talvez naqueles braços-e-abraços e melodias suaves que suspiravam.
Uma noite de verão em Vênus.
Ao lado dela, como quem não quer nada.
Como quem quer tudo, como quem tem sede do mundo.
E se cala ao entrelaçar aqueles dedos nos dela.
E não se soltam, não tão cedo, não até o dia amanhecer.
Só se sente os cheiros misturados que o vento leva a qualquer um que esteja por ali.
Poeira de Vênus entre eu e ela.

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