Carta ilegível.

 Eram exatamente 4:01 da manhã quando a penumbra da lua insistia em invadir aquele quarto escuro. Entrava bela pela janela, sem nenhum pudor, iluminando parte daquele ambiente tão melancólico e deixando a mostra, a sombra daquela menina sentada na janela.
 Sim, havia uma garota sentada na janela. Uma de suas pernas, estava relaxada, sem tocar o chão, quase imóvel, enquanto a outra servia de apoio e de equilibrio para ela, que estava um pouco curvada, com o braço direito apoiado na perna e o queixo apoiado sobre o mesmo. Parecia estar concentrada em algo. Algo que estava segurando na mão esquerda. Parecia ser uma carta. Não, não. Era uma carta. Era uma carta um tanto longa, com milhares de palavras e uma letra ilegivel. Ela passava os olhos lentamente por cada minima palavra, decifrando-a, interpretando-a, enquanto a penumbra da lua iluminava parte dessa carta e metade de seu rosto. Parte dele, estava banhado na escuridão do quarto branco em que se encontrava.
 De repente, a carta foi ao chão. Levada pelos ventos até a metade do mesmo, deixando-a de mãos vazias. Seus lábios, avermelhados, combinavam com os seus cabelos que iam até mais ou menos a altura do ombro, eram parecidos com as ondas do mar, vinham e iam. Seus olhos eram tão negros quanto o céu numa noite de eclipse e continuavam fixos em algum ponto daquele quarto, em que ela encontrara seu refúgio. Mordiscou o labio inferior, um pouco aflita e olhou para o céu azul, procurando algumas estrelas. Pensando se amanhã iria chover ou se, então, faria sol.

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