Viagem a Cuiabá.

 Estranha a situação em que você se senta em um avião e percebe as pessoas ao seu redor. Cada uma delas com faces diferentes, outras mais sorridentes, outras mais caladas, outras com olhos curiosos, outras um pouco mais ansiosas, outras esperando por algo e outras desfeitas de seu antigo destino. A tipica situação em que você não faz idéia do que se passa por alí.
 Eu ficava me contradizendo, pensando, repensando, trepensando em todas aquelas expressões. Na verdade, eu me ansiava em ver quem se sentaria ao meu lado e quem sabe assim, poderia escrever milhares de histórias, de contos sobre um rosto partido ou uns olhos brilhantes que percebi alí, embora nem imaginasse o que pudesse se passar por trás de todas aquelas mascaras, aquelas aparencias, aqueles cabelos.
 Uma mulher com os cabelos tingidos de loiro, tinha por volta de uns 30 e poucos anos, um sorriso simpatico e uma expressão calma, parecia estar cansada mas mesmo com tanta tranquilidade, não parecia estar contente. Parecia estar decepcionada. Lia um daqueles livros de auto-ajuda e tinha uma beleza natural. A primeira vista, parecia estar bem empregada, com bons negócios e orgulhosa consigo mesma, mas os teus olhos castanhos escuros não mentiam, quando ela se virou, eu pude ver que não estava feliz.
 Depois de um tempo, veio uma garota mais jovem, por volta de uns 19 anos de idade ou menos. Bonita, agradavel e não sossegava um minuto sequer. Estava acompanhada por amigos ou sei lá o que eram dela, possuía longos cabelos negros e lisos, mas estavam presos, um sorriso agradavel e uma expressão unica de quem ansiava por algo, ansiava sua volta, ansiava seus medos e suas virtudes, mesmo quando parava para observar as nuvens que lá fora nos acompanhava, era perceptivel que seu coração batia por alguém que talvez estivesse a sua espera.
 Assim que pousamos em São José do Rio Preto, para fazer escala, as duas moças desceram e eu permaneci sentada, desta vez, com meus familiares, mas fui me perguntando a viagem inteira, de Rio Preto a Cuiabá... Quem são elas? Quem são o que fazem? Quem são o que são e o que querem de quem não é?
 - Resposta perdida. - Disse.
E me calei com longas goladas no meu copo de café, para me manter acordada, deitada sobre as nuvens de um céu azul qualquer.

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