Ultimamente, eu tenho andado assim. Meio sem saber pra onde, o que procurar, quais palavras utilizar. Abandonei os meus botecos, cigarros, mulheres das quais os nomes, nunca foram realmente gravados em minha mente. Andei olhando por outros olhos a realidade que eu gostaria de ter, ou pelo menos pretendia gostar de ter. Acho que me achei assim, um pouco solitária. Totalmente solitária. Um beco sem saída, sem tangos argentinos, sem bailes de máscaras.
Estou caminhando em uma corda bamba. Uma corda bamba que liga um oposto ao outro, uma ilha a uma nuvem, da qual eu posso facilmente cair e deslizar pelo belo céu azul coberto por água. Eu devoro a minha fome, o meu medo, as minhas apreensões, decepções com tudo o que está sacramentado em tinta vermelha na minha pele seca e rachada. Eu tenho tudo o que eu não deveria ter. Desmerecedora das pequenas coisas da vida, dos pequenos momentos, das pequenas pétalas azuis que cobrem o meu corpo nesse exato momento.
Eu deslizo.
Eu caio.
Uma curva.
Direita.
Esquerda.
Queda.
Alguns momentos para eu poder me levantar. Melancolia infinita depois de alcançar as nuvens e flutuar sobre as doces águas do oceano. Ou deveriam ser salgadas?
No instante em que perdi meus sentidos. No instante em que meus olhos se moveram procurando algo que nunca nem sequer existiu. No instante em que me perguntei o que havia de tão amargo no meu café de segunda-feira. No instante em que você apareceu diante dos meus olhos.
Eu apaguei.
Dormi.
Sonhei.
Acordei.
Pedi.
Mudei.
E no final de tudo, a razão de ter seu nome cravado em meu livro. Meu livro, meus olhos. Ter sua imagem desenhada em meu corpo, a sua pele tão sensível em sintonia com a minha.
A solidão que antes existia, que só piorou, que me faz querer tanto ter somente a você. A solidão que eu possuo, a solidão que você desconhece, a solidão que parece ser tão utópica.
Todas as verdades em caneta vermelha.
Sangue puro.
Puro suor.
Meu nome escrito.
Seu nome desenhado.
Sua mão na minha, seu sorriso junto ao meu.
Sua decisão de estar comigo.
Amor, é amor?
Dançando tango em um céu com nuvens amareladas

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