Há muito tempo que não escrevo nada que me convém... Há muito tempo que não me encontro nas palavras de alguém e sei que não falta muito para que eu possa, de uma vez só, parar toda essa turbulência que me carrega até o fim dos meus planos secretos, que não parecem fazer mais sentido quando se trata dessa enorme estrada, a qual eu olho da janela e não sei aonde vai chegar... Se eu soubesse, eu viveria assim... Sempre a toa.
Já está escurecendo e nós continuamos seguindo por esse asfalto cinza com faixas amarelas que há muito tempo, precisavam de uma reforma. Raramente vejo carros vindo na direção oposta e muito menos procuro remover meus óculos escuros para enxergar quem está a minha frente ou até mesmo ao meu lado... Alguns dormem, eu me perco, eu escrevo com um pequeno feixe de luz em direção a cada mínima palavra por mim descrita... Sinto saudade, mas não sei do que.
Todo esse cansaço em meus olhos me fazem pensar, deixar a caneta de lado e talvez observar, mais uma vez, toda a paisagem lá fora e dessa vez, sem sucesso. A noite caiu como um raio num tempestade de verão e eu nem pude perceber que no final do dia, eu estava sozinha novamente, sem me preocupar com o que havia de errado ou com o que poderia acontecer no final de tudo isso... Ainda sim, queria descobrir do que sinto falta. Não é de ninguém. Há tempos não tenho amores e nem desamores, há tempos não sei o que significam as músicas que de vez em quando, ainda tocam na rádio da estrada, há tempos estou perdida em algo que nem existe e um tanto despreocupada com quem anda ao meu lado... Não sei se foi o que eu trouxe do Mato Grosso ou se fui contagiada com a melancolia de Curitiba, que eu nem conheço, mas talvez tenha sido todos aqueles poemas recitados em paredes durante uma longa viagem à São Paulo... Aonde estou agora?
Não são dicionários e nem guias que me salvarão, nem as palavras e nem as alegrias... Talvez possa ser um pouco menos do que foi um dia e muito mais do que poderia ter sido durante pequenos segundos de devaneios... Eu não sei se entendo, não sei se vou chegar, mas vou... Vou sim. Vou porque não tenho porque não ir, afinal, eu só tenho 24 anos e uma miséria inteira pela frente... Suspiros atrás de suspiro, o feixe de luz se apagou e meus olhos se fecharam como se encontrassem a paz... E eu... Eu sigo em frente pelas estradas do Tocantins, sem saber se um dia eu vou chegar.
Devaneios em Tocantins.

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